Bianchi Ocelot MTB Fixa (pinhão Surly Dingle 21x17 e a altura do mov.central é 29cm)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Como Montar Uma Bicicleta Fixa do Zero

No texto abaixo vou descrever os principais passos para montar uma bike fixa do zero. 

Antes de começar leia o post : "Os Mitos Sobre Bikes Fixas" que visa refutar idéias tendenciosas fruto de pretensos "gurus" que adoram pontificar sem atentar para os fatos e evidências empiricas; ou ainda que colocam a "forma" (estética) antes da "função" fazendo com que o futuro fixeiro corra riscos desnecessários ou gaste dinheiro em coisas irrelevantes ou superfluas.

Inicialmente consiga um quadro que sirva para você e que tenha de preferência gancheiras horizontais (de pista ou speed) ou semi-horizontais e se possível movimento central com rosca inglesa (1.37" x 24 TPI). Caso contrário, você terá que utilizar algumas das alternativas examinadas na postagem: “Bike Fixa com Quadro de Gancheira Vertical: Quatro Opções para Tensionar a Corrente”

Qual a razão desses dois requisitos?  1) a gancheira horizontal permite que a corrente seja tensionada, o que é fundamental para evitar a queda da corrente e a ocorrência de acidentes sérios; 2) o movimento central (MC) com rosca inglesa (1.37" x 24 TPI) é fácil e barato de encontrar / comprar e você vai precisar de um MC com eixo curto de preferência com 103mm, 107mm ou 110mm para ter uma boa linha de corrente.

Quadro de Speed com Gancheira Horizontal
Quadro de Fixa com Gancheira Horizontal

Gancheira Semi-Vertical (funciona (?) com half-link)


Obviamente, um quadro italiano de cromoly com gancheiras horizontais (seja de estrada ou pista) não está descartado, eles dão uma excelente fixa também, mas existe menos oferta de movimento central com rosca italiana (36 x 24 TPI) no mercado local. Por outro lado, a internet facilitou muito a busca desse componente, que não é volumoso e pode ser adquirido facilmente no exterior.

O quadro mais popular no Brasil, isto é – mais utilizado para ser montada uma fixa é o da Caloi 10 antiga, que tem gancheira horizontal (semelhante a da foto da Mercier acima) e o MC com rosca inglesa. Mas não descarte as Peugeots, Caloi Cruiser, MTBs antigas que vinham com gancheiras horizontais. As Monark 10 tem gancheira horizontal, mas utiliza pedivela monobloco que requer adaptaçoes para virar fixa.

O segundo item mais importante da fixa, depois do quadro adequado, é a escolha do cubo traseiro onde será colocado um pinhão fixo. No post do blog: “As Diversas Opções de Cubos Traseiros para Montar uma Bike Fixa” são examinadas as diversas alternativas de cubos traseiros para fixas.

Basicamente existem duas alternativas que são mais utilizadas no Brasil: 1) o cubo tradicional de fixa (pista) com lockring e flip/flop (de um lado vai o pinhão fixo e no outro uma catraca /roda-livre de uma velocidade); ou 2) um cubo de disco dianteiro no qual é trocado o eixo, e é parafusado um pinhão no lugar do disco de freio. Esse processo de conversão é descrito neste post: "Como Converter Cubo de Disco em Cubo de Fixa". No post “Pinhão com Lockring vs. Pinhão Parafusado”, faço uma análise comparativa dessas duas opções. Atualmente, existe uma terceira opção: 3) cubo de rosca ou cubo de fixa espanado com flange alta que podem ser convertidos para pinhão parafusado conforme explicado no post "Como Ressuscitar um Cubo de Fixa Espanado", AQUI.  

No post "Arquimedes e o Cubo com Pinhão Parafusado: A Melhor Opção em Custo X Diversão X Durabilidade" demonstramos por que o cubo de disco convertido é a melhor opção.

Cubo Dianteiro de Disco Convertido p/ Usar Pinhão Parafusado
Cubo de Fixa ("pista") Flip/Flop Tradicional


Caso você opte por um cubo tradicional de fixa (vulgo "pista") (da Formula, por exemplo - o da foto acima é da marca IRO, mas é fabricado pela Formula), sugiro que você troque a contra-porca (Lockring), pois as que vêm nesses cubos deixam muito a desejar. Os melhores lockrings (rosca inglesa – 1.29” x 24 TPI) são fabricados pela: Surly, Dura Ace e Wheels Manufacturing; mas são difíceis de achar no mercado local. Lembre-se que o cubo tradicional de fixa não aguenta os SKIDS veja este post: "A Grande Mentira: Cubos de Fixa/Pista Tradicionais NÃO ESPANAM!!! .


Atente para o espaçamento entre gancheiras do quadro para escolher um cubo com comprimento de eixo adequado.


O comprimento do eixo sólido do cubo traseiro vai depender do espaço entre as gancheiras:

Gancheiras                        Compr. Eixo
110mm (pista antiga)                155mm
120mm (pista)                           164mm
126mm (speed antiga)               170mm
130mm (speed/MTB antiga)      174mm
135mm (MTB)                            180mm

Na seqüência, você precisa escolher um pedivela com uma única coroa e um movimento central compatível. Ambos precisam ser curtos. Um pedivela curto (idealmente com 165mm) minimiza a possibilidade do pedal bater no chão e você levar um tombo. Lembre-se que na bike fixa ou de pista você nunca para de pedalar quando a roda traseira está rodando; ao contrario da bike de speed , MTB ou singlespeed, nas quais é possível parar de pedalar caso voce queira. Ressalte-se que o pedivela pode ser de estrada, de pista, de fixa, de BMX, de MTB etc.; o importante é que seja curto.

O movimento central com o eixo curto (103mm, 107mm ou 110mm) faz com que a coroa do pedivela fique mais próxima do quadro e com isso tem-se uma melhor linha da corrente, diminuindo a possibilidade dela cair ou desengrenar. Entretanto, observe se com um MC curto o pedivela/coroa não vai bater/roçar no tubo da corrente (chainstay).

Devido a importancia da linha da corrente para uma fixa, elaboramos um artigo específico sobre o assunto, aqui, cujo titulo é: Como Medir a Linha da Corrente da sua Bike Fixa. Sugerimos que você leia esse post.

Use no máximo um pedivela com comprimento de 170mm (um modelo popular nessa medida é o Sugino para BMX). A exceção ocorre se o quadro é de MTB com gancheiras horizontais e você pretende utilizar nele rodas 700c (padrão de speed), que nesse caso pedivelas com até 175mm, podem ser usados sem susto.


Em minha opinião, o ideal para a fixa urbana é um pedivela com 165mm, a exceção como mencionamos acima são os quadros de MTB com rodas 700c. Existe também a possibilidade de re-aproveitar pedivelas antigos de MTB, os quais foram objetos do seguinte post: “Convertendo Pedivela Triplos de MTB em Pedivela para Bike Fixa”

Escolha uma relação de coroa x pinhão para sua fixa. Aqui existe um aspecto que precisa ser considerado, a fixa vai ter freios ou não ? Caso você pretenda usar freios, você não precisa se preocupar com “skid patches” da relação utilizada. Caso contrario, isso é importante para garantir um desgaste mais uniforme dos pneus provocado pelos skids.

A relação coroa x pinhão mais adequada irá depender principalmente da topografia da região que você pretende pedalar. Além disso, no começo é melhor utilizar uma relação mais leve, pois na fixa são utilizados alguns músculos que comumente não o são quando se pedala uma bike de speed ou MTB.

É difícil fazer uma recomendação sobre a relação coroa x pinhão mais adequada, dada à variedade de fatores que devem ser considerados: topografia, utilização da bike (lazer, meio de transporte etc.), condicionamento físico do ciclista etc., ou seja, o contexto varia de ciclista para ciclista. Uma dica é observar qual a relação mais utilizada pelos outros fixeiros que pedalam na tua região e conversar com eles a esse respeito.

Neste site você pode simular as diversas relações coroa x pinhão que tem o mesmo "Gear Ratio", ou seja as suas equivalências. Por exemplo, a relação 44 x 17 com roda traseira que tem pneu 700x25 é igual a 46 x 18  ou 52 x 20, também utilizando o mesmo pneu. Além disso, você obtem nessa simulação o número de "skid patches" da relação escolhida.

Calculo da Equivalências da Relaçao Coroa x Pinhao ("Gear Ratio")
  
 
Uma relação muito popular para pedalar na cidade de São Paulo é 44x17, talvez porque a maioria utiliza o pedivela Sugino para BMX que vem com uma coroa de 44 dentes. O pinhão de 17 dentes, por outro lado, propicia 17 “skid patches” que permitem que o pneu dure mais, o que é muito bom quando se roda sem freios. Uma relação 44x17 tem um “Gear Ratio” de 69 polegadas (com roda de speed: 700c), que está para uma relação média para baixa. Essa relação é leve para pedalar em relevo plano (avenidas a beira-mar etc.), mas pesada para pedalar em terreno com muitas subidas. 

Na figura abaixo tem uma tabela onde mostra o "Gear Ratio" para cada par de coroa x pinhão, e a fórmula do "Gear Ratio" é a seguinte (roda 700c) = Número de dentes coroa dividido pelo Número de dentes do pinhão multiplicado por 27" (diametro da roda).

Tabela do "Gear Ratio"
 

A corrente a ser utilizada irá depender da espessura da coroa e do pinhão fixo. Atualmente os pinhões e coroas são fabricados com duas espessuras: 3/32”, que são  compatíveis com corrente fina (3/32”) ou grossa (1/8”). Os pinhões/coroas com espessura de 1/8”  só funcionam com corrente grossa de 1/8”, mas os de 3/32” são compatíveis com qualquer corrente. Infelizmente não se encontra no mercado local as correntes finas (3/32”) para competições de BMX fabricadas pela KMC, modelo Z610HX, que são leves e muito resistentes e não custam mais que uma corrente grossa. Uma segunda opção é a KMC High Value, com 1/8" (grossa), que tem uma boa relação custo/beneficio. Outro modelo de corrente (grossa - 1/8") da KMC muito utilizado em fixas é a K710 também conhecida como "Kool Chain". Ressalte-se que nada impede de voce usar uma corrente de speed para marchas 7. 8 ou 9 velocidades, caso o seu pinhão e coroa sejam finos (espessura 3/32"). É um mito dizer que fixa precisa utilizar corrente grossa (1/8"), e isso é abordado no tópico: 8) Fixas devem usar sómente corrente grossa (1/8”) do post: Os Mitos sobre as Bikes Fixas. Entretanto alguns preferem usar a corrente grossa por razões psicológicas: "é mais robusta"; "não vai quebrar" etc.

Você precisa decidir se vai utilizar um pedal tipo Look ou Shimano SPD etc. (clipless), ou o pedal plataforma tradicional com firma-pé.  É importante usar pedal clipless ou um com firma-pé para evitar perder o controle dos pedais/pedivela. A perda de controle dos pedais (que nunca param de girar numa fixa, caso a roda traseira também esteja) pode provocar hematomas nas pernas ou provocar um acidente.

Instale pelo menos o freio dianteiro. Muito fixeiros não utilizam freios em suas fixas, preferem brecar usando o pedal. Entretanto, é bom ressaltar que rua não é velódromo. As ruas estão cheias de obstáculos que se movimentam (transeuntes, motoqueiros, carros etc.) e que às vezes são imprevisíveis. Antes descartar o freio, leia o seguinte post: “As Sete Regras das Fixas, mas Bike Fixa tem Regras???”.

Um aspecto importante é que os aros devem ser compatíveis com as pinças de freio / garfo.  Esse problema ocorre quando se usa aro 700c em garfo que tem freio e tamanho para acomodar aros 27”. Esse é o caso da Caloi 10, que nesse caso as pinças não alcançam a borda do aro 700c (622mm), que é menor que um de 27” (630mm) que é a medida do aro original da Caloi 10. A Vzan, um fabricante brasileiro de aros, produz os aros C-10 (tamanho 27") destinados às Caloi 10. O principal inconveniente do aro 27" é que existem poucas opções de pneus, ao contrario do aro 700c que tem muitas. Consequentemente muitos ciclistas preferem utilizar aros 700c e colocar um freio com pinças mais longas ou colocar um garfo compativel com aro 700c no lugar do original da Caloi 10.


O aro (tamanho 700c - padrão de bike speed, são os mais usados nas fixas urbanas) como os pneus vão do gosto pessoal de cada um. O tipo de aros mais populares são aqueles com perfil aero, tais como: Vzan Spin, Velocity Deep "V", Mavic CXP 33, Weinmann DP18 etc. Entretanto, isso não impede de voce usar aros com perfil baixo - que tem um ar de tubular de priscas eras, tais como: Mavic MA3, H+Son TB14 etc. Quanto aos pneus, voce pode usar o que achar mais adequado para pedalar nas ruas, e a preferencia, por causa do conforto, são os com medida 700x25 ou 700x28. E' importante comentar que alguns quadros de pista destinados`as competições no velodromo, o garfo somente tem espaço para pneus com tamanho maximo 700x23. Caso voce queira dar skids, é melhor usar pneus mais robustos para que eles durem mais, tais como o Vittoria Randonneur.

Os demais componentes são os mesmos utilizados em bikes de speed, BMX, singlespeed ou MTB, e ficam a critério do ciclista. A bike fixa difere das demais, somente no conjunto da transmissão: cubo traseiro, pinhão fixo, pedivela e movimento central.

Sugiro que leiam o post sobre "Guidões e Mesas para Bikes Fixas Urbanas" , onde comento sobre a adequação desses componentes para uso urbano, nas ruas.

A montagem da bike fixa é relativamente simples: enraiar as duas rodas (sem "chapéu chinês"); instalar o movimento central/pedivela; instalar a caixa de direção no quadro/garfo; tarefas, em geral, executadas por uma bicicletaria, pois requerem ferramentas especificas. O resto pode ser feito por você com ferramentas mais simples (chaves allen, quebra-corrente etc.).

Caso você queira utilizar raios mais elaborados (DT Swiss, Wheelsmith or Sapim) na montagem das rodas, sugiro que calcule o comprimento necessàrio dos raios utilizando o software da Sapim (fabricante belga de raios de alta qualidade), aqui. Outra alternativa é este aqui da Bike School, neste link aqui. No qual basta inserir as medidas do aro, do cubo e o numero de raios que se cruzam, para ele informar o tamanho dos raios necessários para cada roda individualmente.

Caso tenha optado por um cubo de fixa tradicional (pinhão com lockring), nas primeiras voltas com a bike não dê skids, isto é parar a bike travando os pedais/pedivelas. Volte para casa e re-aperte o lockring, isso diminui as chances do cubo espanar com skids.

Preparamos também um check-list das peças necessárias para montar a sua fixa, o qual está neste post: “BIKE FIXA Check-List para MONTAGEM, e que também serve de guia para você fazer um orçamento do custo da bike pronta. No post "A Minha Caloi 12 Convertida em Fixa (Reciclada)" AQUI, no qual descrevo os componentes utilizados nessa montagem e as reciclagens para manter baixos os custos da fixa.


Existem outros posts no blog que estão relacionados com a montagem de uma fixa partindo do zero, como por exemplo: A Conversão de uma MTB Peugeot em Fixa com Rodas 700c (Estrada)”. O detalhamento completo das peças utilizadas na montagem dessa Peugeot estão neste post:"Bike Check: Peugeot MTB FIXA da Nanda e também têm este outro  post: "Bike Check: Bianchi Ocelot Fixa" .

No site http://www.fixiestudio.com/ você poderá simular aproximadamente como sua nova fixa irá ficar, com opçoes de cor, altura do canote, tipo de selim, tipo de guidao (pista, bullhorn ou riser de MTB) etc. Existe um outro site que só foca nas cores de sua fixa, assim voce pode ver como ela ficaria com os componentes pintados de diversas cores, o link está aqui.


Neste post mais recente (2012) é feita uma comparação entre montar uma fixa básica do zero ou comprar uma pronta. O custo de montar usando um quadro Caloi 10 está ao redor de R$ 1.000,00 enquanto que uma pronta básica custa entre R$ 700,00 a R$ 990,00. Leia e tire suas conclusões.


Divirta-se com a nova fixa.

By MarchaFixa

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Movimento Central e Pedivelas com Padrão JIS ou ISO

A finalidade do post é alertar aquele futuro fixeiro que está montando a sua fixa utilizando uma miscelânea de peças, para as peculiaridades do movimento central/pedivela, de modo que a coroa do pedivela fique o mais próximo possível da linha da corrente ideal. Este post está relacionado com a segunda regra do post “As Sete Regras das Fixas, mas Bike Fixa tem Regras???”

Hoje no mundo existem 2 padrões de inclinação ("taper") do eixo para os pedivelas de ponta quadrada; o padrão ISO (Campagnolo e demais fabricantes europeus que sobraram: Stronglight, Miche etc); e o padrão JIS (padrão japones - Shimano, Sugino, Sakae, Suntour, SRAM (USA) e o resto dos Xing-Ling). Entretanto, o pedivela Sugino 75 (NJS - certificação Keirin)- um dos top de pista da Sugino, inacreditavelmente é padrão ISO !!! Na foto abaixo retirada do site da Phil Wood é mostrada as diferenças entre eles.


Pontas de Eixo QUADRADAS do MC: Três Padrões !!!


Em termos de rosca do movimento central existem atualmente 2 medidas: Inglesa (1.37” x 24 TPI) e a Italiana (36mm x 24 TPI). O primeiro numero informa o diâmetro da rosca e o segundo quantos fios de rosca ela tem por polegada. No passado( até o final dos anos 70) cada país europeu tinha o seu padrão, que era incompatível com o do vizinho, assim eles criavam uma reserva de mercado. 

Existia ainda o padrão de rosca francesa - que a Peugeot, Gitane, Vitus, Motobecane etc. usaram até o final dos anos 70, essa medida é 35mm x 1mm ; ou seja, o diametro da caixa do movimento central têm 35mm e o passo da rosca é 1 fio de rosca por milimetro. O movimento central para essas bicicletas francesas podem ser encontrados no eBay e na Velo Orange - especializada em peças para bikes francesas antigas. Ressalte-se que essas peças dada a sua escassez são mais custosas que a média.



Roscas dos Movimentos Centrais + Utilizados
Padrão
ROSCA
Copo
(esquerdo) Ajustável -
Direção da
 rosca
Copo
(direito) Fixo -
Direção da rosca
Largura da
 Caixa Mov. Central
Usos / Notas
Inglês
I.S.O.
1.370" X 24 tpi
1.375" X 24 tpi
direita
esquerda
Padrão 68 mm
O.S. 73 mm
A maioria das bikes em produção atualmente usam este padrão. Inglês e I.S.O. são intercambiáveis.
Italiano
36 mm X 24 tpi
direita
direita
(errado!)
70 mm
Bikes Italianas e algumas top francesas. Propensas a problemas devido ao copo fixo (direito) ter rosca no sentido horário, o que tende a desapertar-se em uso.
Francês
35 mm X 1mm (25.4 tpi)
direita
direita
(errado!)
68 mm
Obsoleto, usado em antigas bikes francesas. Propensas a problemas devido ao copo fixo (direito) ter rosca no sentido horário, o que tende a desapertar-se em uso.
Fonte: Sheldon Brown http://sheldonbrown.com/cribsheet-bottombrackets.html

Em termos práticos, você pode misturar ISO com JIS, mas lembrando sempre do seguinte detalhe (segundo o Sheldon Brown) AQUI:

"Se voce instala um pedivela JIS em um MC com eixo ISO, esse pedivela ficará + proximo do quadro 4.5mm do que ele ficaria se fosse montado em um eixo JIS que tenha o mesmo comprimento. No contrario, isto é um pedivela ISO montado em um MC com eixo JIS, ele ficará + afastado do quadro 4,5mm do que ele ficaria se fosse montado em um MC com eixo ISO que tenha o mesmo comprimento".

Conclusão: No caso de Pedivelas Campagnolo (ISO) e similares é melhor usar o eixo com ISO; ou usar um eixo JIS com 107mm que equivale ao eixo ISO de 111mm. Caso seja possível (isto é, se a coroa ou pedivela não bater/roçar no quadro/chainstay), pode usar com eixo JIS de 103mm ( a Tange , e a Sugino fabricam), que fica + próximo ainda do quadro.

 Ressalte-se que fabricantes de movimento central padrão ISO são poucos: Token, Stronglight, Miche e a Campagnolo (acho (???) que atualmente só fabricam o MC Record para reposição, pois hoje é tudo ultra-torque, exceto o pedivela de pista que usa MC de ponta quadrada). E nestas bandas esses MC são difíceis de conseguir.

No caso de pedivelas JIS (Shimano & cia) existem + opções e ainda eles podem ser montados com eixo ISO, com os quais ficam + proximos do quadro. Os MC com eixo ISO são fabricados nas seguintes medidas: 102mm (Campy), 107 , 110 e 115mm (Miche / Stronglight); 111mm e 115mm (Campy). Outro aspecto é que existem diferenças nos MCs da Campagnolo dos grupos Record e Chorus de 8V e aqueles para 9 e 10V - no primeiro caso, usa-se um MC com 111mm e para 9 e 10V usa-se 102mm no caso do pedivela com coroa dupla e nos de coroa tripla é de 111mm; e do grupo Centaur para baixo os de coroa tripla usam um MC com 115mm. Esses eixos longos com 115mm não são utilizados em bike fixa, pois deixam a coroa/pedivela muito longe do quadro/ da linha de corrente ideal.

O importante disso tudo é ter a melhor linha de corrente possível, para evitar da corrente cair e sofrer um acidente, que no caso de fixa é bem dolorido no corpo e no bolso.

Ressalte-se que essas misturas práticas implicam, às vezes, em uma boa dose de tentativa e erro. 

É importante mencionar que a mistura de JIS com ISO, provoca uma pequena deformação no encaixe quadrado do pedivela. Isso hoje não é relevante como foi no passado, pois quando os MC não eram selados, havia um enorme tira e coloca o pedivela, para dar manutenção nos colares de esferas do MC e isso provocava o alargamento do encaixe quadrado.  Hoje, você coloca um MC selado de boa qualidade e vai tirar o pedivela se for necessário trocar o MC por causa de desgaste/folga; ou para trocar a coroa, o que não ocorre com muita frequência, ao contrário do que ocorria no passado.

Existem ciclistas que abominam essas misturas práticas, eles são os puristas que prestam culto à Campagnolo, e julgam que é blasfemia colocar um pedivela Campagnolo em um movimento central que não seja da Campagnolo; e num Shimano então é "vade retro" Satanás. Para mim isso é irrelevante, o importante é ter uma bike fixa com uma boa linha de corrente a fim de evitar um acidente devido à queda ou desengrenagem da mesma.

Eu já fiz algumas misturas, por exemplo: pedivela Shimano Dura Ace FC-7410 que utiliza movimento central (MC)  Dura Ace BB-7410 que tem 103mm, mas em vez do MC da Shimano, utilizei um MC Campagnolo Chorus que tem 102mm e ficou ótima a linha da corrente, e isso foi numa fixa com uma única coroa no pedivela. Entretanto, essa mistura não funcionará caso o pedivela tenha duas coroas para uso em uma bike speed, pois a coroa menor (em geral de 39 dentes) irá roçar no “chainstay”. Esse modelo da Dura Ace é bem antigo, meados dos anos  90, ele tem cerca de 15 a 16 anos. 

Como regra geral, não se usa em fixa movimento central com eixo maior que 111mm, mas existem exceções - que podem ser por exemplo:  Se voce pretende usar um pinhão fixo duplo tipo o Dingle da Surly e o pedivela com duas coroas. A minha experiência com o pinhão Dingle e coroa dupla no pedivela foi relatada no post "Bike Check: Bianchi Ocelot Fixa", e nesse caso foi utilizado um MC da Campagnolo de 111mm !!! Outra situação é o caso do adaptador SPNK que deixou a linha de corrente traseira com cerca de 50mm e foi necessário usar um MC JIS (Shimano BB-UN71 de 115mm e + 3 mm de espaçadores para MC) com pedivela ISO (Campagnolo Super Record) para melhorar a linha da corrente dianteira e deixá-la próxima de 50 mm.

Um lembrete final, não faça mistura (ISO com JIS), caso o pedivela seja novo e modelo top de linha. Neste caso é melhor utilizar o movimento central que foi feito para ele, considerando que o custo do movimento central é sempre muito mais baixo do que do pedivela.

Boas Pedaladas à Todos.

By MarchaFixa

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pinhão com Lockring vs. Pinhão Parafusado

Essa discussão tem pecado pela falta de colocar os argumentos de pró e contra em relação ao contexto em que são utilizadas essas alternativas de cubo para fixa urbana.

Os defensores do cubo tradicional no qual existem duas roscas utilizam como principal argumento a tradição, sempre foi feito dessa maneira e, portanto é isso que está certo. E chamam de gambiarra o uso de cubos de disco convertidos em fixas urbanas, esquecendo que usar cubo tradicional feito para velódromo nas ruas, configura-se também em uma grande gambiarra. A Campagnolo não dá garantia aos seus cubos de pista que são utilizados fora do velódromo. (vide este link: http://www.sheldonbrown.com/harris/record-track.html).

Se não vejamos, o velódromo cujo piso é de madeira especial, que não tem sinal de transito, passagem de pedestres, nem buracos e lombadas, nem motoqueiros ou carros; faz com que praticamente seja desnecessário você parar a bike com um SKID, pois isso também marcaria o piso de madeira. Por outro lado, a fixa urbana roda num contexto totalmente oposto ao do velódromo, e que caso você esteja sem freios, vai precisar dar muitos SKIDS para lidar com os mais diversos obstáculos presentes nas ruas de nossas cidades e isso vai forçando as roscas do cubo. É bom não esquecer que as roscas do cubo são de alumínio e o pinhão & lockring são de cromoly ou de aço temperado, fica a pergunta: Quem resiste mais (roscas) às forças do acelera/skids ?.

Um exemplo da retórica dos tradicionalistas apareceu no site www.pedal.com.br , no tópico “Single Speed (filosofia)” em 23 de Março de 2011: http://www.pedal.com.br/forum/single-speed-filosofia_topic1305_page30.html

“Concordo que a discussão cubo parafusado X cubo de pista nem deveria existir. Por que descartar o que o pessoal vem fazendo na rua há ANOS, o sistema mais exaustivamente testado, o mais prático...

É o sistema consagrado, é o clássico, é o que funciona, é o que está no padrão - posso trocar o pinhão com qualquer outro a hora que quiser, ou trocar o cubo e reaproveitar o pinhão, sempre que quiser, sem precisar andar por aí com uma furadeira...

Isso nem devia ser discutido, cubo de pista é o método consagrado e clássico, o resto é gambiarra...”

Nota: O autor do argumento acima é um daqueles fixantas de coritibúúú.

A primeira frase é de uma arrogância impar, vocês ousam questionar uma coisa clássica que vem sendo feito há anos. É obvio que essa discussão sobre Cubo de Pista (Fixa) vs. Cubo Parafusado precisa ocorrer, para que os novos fixeiros não sejam ludibriados por uma argumentação falaciosa e tendenciosa que oculta as deficiências do cubo tradicional de fixa ("pista"). Além do mais, isso induz os novos fixeiros à pensar que a única maneira de montar a roda traseira da fixa é utilizar um cubo tradicional de fixa ("pista"), que é apenas uma das opções e existem muitas dúvidas se é a melhor delas.

A segunda frase falta com os fatos: ninguém está descartando o cubo tradicional (usa quem quiser, mas a alternativa do pinhão parafusado não é gambiarra no sentido "pejorativo" que os puristas usam o termo: algo mal feito, perigoso etc.); não é o mais prático para a troca de pinhões (vide foto com ferramenta para troca de pinhões), não é aprova de problemas (espana a rosca), não dá para ajustar a linha da corrente movimentando o pinhão rosqueado.

No segundo parágrafo acima, ocorre o exagero retórico de que os usuários do pinhão parafusado precisam andar com Furadeiras!!! Conheço alguns hereges que utilizam cubos de disco com pinhão parafusado, mas nunca os vi com uma furadeira, eu também nunca carreguei uma por causa do uso de pinhão parafusado.  Alias basta uma chave Allen de 5 mm para trocar o pinhão parafusado, nunca vi coisa mais prática. Se alguém souber de uma maneira mais prática para trocar o pinhão de uma fixa, por favor, me informe que eu coloco um adendo nesta postagem. A foto abaixo é ilustrativa do quanto é “prático e fácil” trocar o pinhão de um cubo de fixa ("pista") que usa lockring, basta ver o tamanho da ferramenta necessária. Mas não é só isso, já rebentei uma ferramenta Dura Ace (da foto abaixo) tentando trocar um pinhão de rosca.Depois disso criei uma ferramenta para extrair pinhão parafusado que está descrita no post de dicas: Como Fazer Ferramenta para Tirar Pinhão (Dica 3).

Ferramenta p/ Pinhão & Lockring vs. Chave Allen p/ Pinhão Parafusado

Um pinhão parafusado também pode ser utilizado em outro cubo de disco convertido, pois hoje todos os cubos de disco que tem 6 furos, seguem o padrão ISO de furação ( o BCD [Bolt Circle Diameter] é 44mm de distancia de centro a centro entre 2 furos diametralmente opostos, e 22mm de C-a-C de dois furos contiguos ou vizinhos), o que garante a intercambialidade dos pinhões parafusados.

No terceiro parágrafo o defensor do cubo de pista (tradicional que usa lockring) diz que isso é consagrado, será mesmo???

O caso do cubo de pista Campagnolo Sheriff Star é só para lembrar / mostrar aos novos fixeiros que cubos de pista tradicionais não são a oitava maravilha do mundo como alguns querem que os novatos acreditem nessa balela.

Essa história do Sheriff Star está no site do Sheldon Brown, aqui. Abaixo tem a foto do Cubo de Pista Campagnolo Sheriff Star.

Cubo de Pista Campagnolo Sheriff Star - Baleado

É importante mencionar que os cubos de pista para corridas Keirin no Japão são todos tradicionais (tem 2 roscas), assim como os utilizados nas competições da UCI.

Cubos de pista tradicionais (tem 2 roscas), como você coloca na sua postagem não tem problemas. Será mesmo??? Eles não deveriam espanar, mas espanam!!!.


O cubo tradicional de pista com lockring é tão bom e consagrado que uns fabricantes hereges resolveram fazê-lo de maneira diferente para não terem os problemas de roscas espanarem, poderem ajustar a linha da corrente etc. Os pinhões são encaixados no cubo e não mais rosqueados ou são parafusados.

A White Industries fabrica cubos para fixa cujo pinhão vai encaixado no cubo, e a função do lockring é mantê-lo preso no encaixe, quando ocorre um skid, o lockring não sofre nenhuma pressão.

A Level Components (USA) desenvolveu um cubo que não usa lockring, no qual o pinhão é encaixado e mantido no lugar por 3 parafusos. Neste link são mostradas mais informações: (http://www.levelcomponents.com/index.html).

Cubo Level com Pinhão Parafusado

Cubo XT de Disco com Pinhão Parafusado

A Halo (UK) criou um cubo estriado denominado Halo Fix-G no qual é encaixado o pinhão junto com espaçadores, e eles são mantidos no lugar por um lockring que é rosqueado internamente (da mesma maneira que um cubo K-7 Shimano). Neste caso, quando é dado um skid , esse lockring não sofre nenhuma pressão. Esse sistema tem a vantagem de permitir o ajuste da linha da corrente como também utilizar 2 pinhões, ou seja, emular o pinhão Dingle fabricado pela Surly.

O link para a descrição do produto da Halo está aqui.

 As alternativas de cubo para fixa são abordadas com maiores detalhes neste post: "As Diversas Opções de Cubos Traseiros para Montar uma Bike Fixa"


O cubo de disco convertido tem limitações, mas nada que impeça o seu uso ou comprometa a segurança. O menor pinhão furado que pode ser instalado é o de 15 dentes (com parafusos especiais). Requer certo trabalho nessa transformação, tais como: comprar um eixo novo, re-espaçar o cubo, furar o pinhão (mas já existem prontos e com furação perfeita), e ajustar a linha da corrente, mas ele tem flexibilidade nesse ajuste enquanto que no cubo tradicional não é possível – basta acrescentar arruelas/espaçadores entre o cubo e o pinhão.

Ressalte-se que os cubos de disco foram desenvolvidos tendo em vista um ambiente/contexto totalmente diferente do velódromo ou das ruas asfaltadas, para não dizer o oposto do velódromo. Conseqüentemente o cubo de disco tem maiores condições de sobreviverem num ambiente menos inóspito (ruas das cidades) que as trilhas cheias de buracos, obstáculos, terra, poeira, lodaçais etc para os quais foram desenvolvidos.

Atualmente existem cinco fabricantes de pinhões para serem parafusados em cubos de disco, dois nos Estados Unidos: TomiCogs e Phil Wood (Julho/2011), FixKin na Itália; Silas no Brasil e na Inglaterra existe a Velosolo Bikes, está ultima inclusive tem cubos de disco prontos já convertidos para usar com pinhão parafusado. A Velosolo Bikes tem um excelente website onde tem muita informações sobre esse sistema de pinhão parafusado.  

Quatro desses fabricantes vendem os pinhões furados para o mundo inteiro. Esse “gambitech” não foi criado no Brasil, e sim no exterior, a despeito do custo de um cubo tradicional de pista ser muito mais barato no exterior (US$ 20 - 30.00 nas promoções – só traseiro) do que no Brasil (US$ 120.00 – par de Roberto´s).

Abaixo preparamos uma tabela comparativa nos mais diversos aspectos das duas alternativas: Pinhão com Lockring vs. Pinhão Parafusado; assim você leitor pode tirar as suas conclusões e fazer uma escolha consciente baseada nos fatos e não em preconceito ou argumentos sem fundamento.

Tabela Comparativa: Cubo Tradicional vs. Cubo Parafusado
A guisa de comparação, enquanto a Campagnolo não dá garantia caso os cubos de pista tenham sido usados fora do velódromo, a Velosolo Bikes dá garantia vitalícia para os seus pinhões parafusados!!!

Enfatizo um aspecto, que se tivessem ocorrido muitos problemas com esses cubos a disco com pinhões parafusados, a Velosolo Bikes - UK ou a TomiCogs (USA) já teriam fechado as portas por conta das indenizações milionárias que teriam de pagar por falha de produto ou por promover ou induzir o uso de um produto com pouca segurança ou que oferece risco no seu uso. Recentemente um dos mais conceituados fabricantes de cubos do mundo - Phil Wood (USA) - passou a fabricar um cubo especifico para pinhão parafusado assim como os pinhões.

Existem testemunhos bem eloqüentes sobre o uso do cubo de disco, um deles foi traduzido por mim e ele foi publicado originalmente no website: www.63xc.com e está postado aqui (http://www.63xc.com/tomchow/boonecog.htm). Nesse artigo John Chow, o autor, conta como ele usava um pinhão parafusado no cubo de disco para pedalar no rigoroso inverno americano cujo trajeto para o trabalho envolvia trilhas, estradas com areia e sal etc.

Será que um cubo de pista tradicional agüenta o mesmo tratamento que o John Chow submeteu um cubo com pinhão parafusado? Leiam a história aqui, e tirem suas conclusões.

Recentemente, está história sobre cubo espanado apareceu no site www.pedal.com.br, cujo link é: http://www.pedal.com.br/forum/vendo-bike-de-pista-roda-fixa-khs-flite-100_topic23336.html

Estou vendendo minha bicicleta de pista /roda fixa. É uma KHS flite 100, com quadro de cromo, tamanho 53. Esta bike é de roda fixa originalmente de fábrica..... Troquei também o cubo traseiro original por um cubo Fórmula, que é mais resistente. O cubo original espanou com os skid stops, por isso troquei. ....

É, isso pode acontecer da rosca do cubo traseiro espanar, como podem ver na declaração acima. Segundo testemunho de fixeiro no site www.pedal.com.br no tópico Single Speed (filosofia) - um cubo ShunFeng flip/flop aguenta  os SKIDS por uns 6 meses e depois espana.

Um aspecto importante é que o uso de cubos de pista pelos fixeiros urbanos foi decorrente do fato de quando isso começou, a única alternativa era o cubo de pista tradicional. O cubo de disco apareceu no grupo Shimano Deore XT em 2000 (vide este link: http://mombat.org/Shimano.htm#2000), ou seja, tem apenas 11 anos de existência. As demais alternativas (mencionadas acima) de prender o pinhão no cubo e especificamente destinado a fixas urbanas surgiram recentemente durante o boom das fixas.



Os fixeiros urbanos precisam se libertar dessa tirania de que o certo e o consagrado é imitar uma bike de velódromo. As bikes de velódromo estão cercadas de regras estabelecidas pelos órgãos que organizam as competições: UCI, NJS etc. Bike fixa não tem regras, exceto quatro por razões de segurança: corrente esticada e alinhada, firma-pé ou pedal “clipless” e freio dianteiro para emergências, pois rua não é velódromo. E se possível, um movimento central alto e um pedivela curto (165mm). O resto é ao gosto do freguês. Maiores detalhes sobre isso leiam o post “As Sete Regras da Fixa, mas Bike Fixa tem Regras???”.

Agora, se o seu objetivo com sua fixa é emular uma bike de velódromo para andar nas ruas que mais parecem trilhas, não existe nada que impeça, exceto o desconforto da posição, e às vezes trocar o cubo traseiro espanado por causa do excesso de skids etc.

Antes de finalizar, cabem algumas palavras sobre GAMBIARRAS em componentes para bicicletas.

Quando indivíduos desenvolvem algo criativo, que soluciona um problema ou fornece uma outra opção, isso é considerado uma gambiarra, mas quando a mesma coisa é feita por uma empresa, isso não é considerado como tal. Ou seja, temos dois pesos e duas medidas!!!

Os fabricantes de componentes para ciclismo também desenvolvem certos produtos para dar um “jeitinho” criativo em certas situações, o que poderiam ser chamados de soluções “gambiarras”. Como por exemplo, a Campagnolo, a Surly, a Problem Solvers (“compatibility solutions”), Wheels Mfg. (especialistas em “mixing & matching drivetrains”), a J-Tek e algumas outras. A Campagnolo fornece espaçadores que permitem transformar um k-7 de 9 velocidades em 8 velocidades, assim o ciclista consegue utilizar o cambio traseiro e o Ergopower de 8 velocidades com cubo de 9 velocidades.  A Surly desenvolveu um adaptador (Fixxer) que transforma os cubos para k-7 da Shimano em cubo fixo!!!  A J-Tek produz um aparato (ShifMate) que permite o pessoal de cyclocross usar os manetes Ergopower da Campagnolo com o cubo, o k-7 e o cambio traseiro da Shimano com uma indexação perfeita!!!. Além disso, a J-Tek desenvolveu outra “gambiarra” que permite usar dois manetes de freios com uma única pinça de freio – o dianteiro !!!

Por outro lado, às vezes, empresas fazem produtos que deveriam ser considerados como “gambiarras”, devido a sua baixa durabilidade, risco de quebra sem aviso e na maioria das vezes ninguém fala que é uma grandíssima gambiarra. Vejamos dois exemplos, um mais antigo e outro recente, atual.

Nos anos noventa, a Campagnolo lançou um movimento central para os grupos de estrada mais básicos, cujos dois copos eram de plástico!!! Eu fui uma das vitimas desse malfadado produto. Esses copos não agüentavam o torque da pedalada e logo estavam com muita folga.

Atualmente, a Shimano também adotou esquema similar, pois o copo esquerdo do movimento central com ponta quadrada modelo UN-54 e outros são feitos de resina plástica!!! A experiência da Campagnolo com plásticos parece que não foi educativa o suficiente!!!  A Problem Solvers desenvolveu um copo de alumínio para substituir o de plástico fabricado pela Shimano. Eu me recuso a colocar nas minhas bikes esse movimento central da Shimano com copo de plástico, prefiro colocar um Chin Haur (chinês) ou de outra marca: Miche, Token, Stronglight, Sugino, IRD ou Tange, mas Shimano com plástico nunca!!! É gambiarra, e das mal feitas!!!. O link para o produto da Problem Solvers  está aqui, e ele custa a bagatela de US$ 25.00.

Copo de Aluminio para Substituir o de Plástico da Shimano

Lendo esta postagem muitos vão pensar que sou um defensor ardoroso de usar unicamente o cubo com pinhão parafusado e que descarto as demais alternativas. Nada mais longe da verdade. O ponto é que não existe nenhuma razão bem fundamentada para descartar o uso do pinhão parafusado, que é uma boa opção em termos de custo/beneficio para montar uma fixa apropriada para os mais diversos contextos (exceto velódromo), e preconceito infundado não é uma boa razão para o descarte da alternativa

Já rodei com cubo de fixa tradicional da Fórmula, IRO, e não tem diferença de um cubo de disco com pinhão parafusado - seja um Deore modelo HB-M525 ou um Campagnolo C-Record conforme foi descrito no post "Cubo Campagnolo C-Record com Pinhão Parafusado", num teste cego é imperceptível a diferença. A escolha agora é com vocês leitores.

Boas Pedaladas com Cubos com Pinhão Parafusado

By MarchaFixa

P.S.: Eu uso nas minhas bikes tanto componentes da Campagnolo como da Shimano, e ambos são muitos bons para aquilo que se destinam e não tem me trazido nenhum problema. Porém, de vez em quando, eles enfiam o pé na jaca com algum produto, como esses movimentos centrais.