Ressalte-se que o custo calculado foi com base nas declarações de um fixeiro que pertence ao Fixasampa. Entretanto, esse custo pode variar de ciclista para ciclista, pois o consumo de pneus dando SKIDS depende de alguns fatores: relação utilizada (numero de dentes do pinhão e da coroa – Skid Spots), quantidade de skids, distância do skid, estado e tipo de piso (asfalto, concreto, aspereza etc.) onde costuma rodar com a bike, etc. Ou seja, esse custo precisa ser individualizado, pois cada ciclista é diferente do outro, assim como as bikes, relação utilizada e respectivos pneus, e as condições do chão onde se pedala etc.
Consequentemente, o objetivo do post é provocar uma reflexão sobre se vale à pena usar skids para brecar a fixa. No fórum do Pedal – tópico Single Speed (Filosofia), alguém comentou que: “skids são “overated”; por outro lado alguns fixeiros pensam: “se não é para dar skids com a fixa, para que ter uma bike fixa?”. Sou da opinião que fixa é muito mais do que dar skids, mas isso é simplesmente a minha opinião.
Dar skids vai de mãos dadas com outra discussão que ocorre entre os fixeiros e não fixeiros que é colocar freios na fixa !!! Freio na fixa estraga aquele visual “clean” e despojado, que nos remete àquelas bikes de pista clássicas (quadro de cromoly) da Itália e Japão. Hoje só sobraram as japonesas, porque a NJS não muda as regras para as corridas Keirin (pista). Que dúvida? Dou mais peso para a segurança (freio) e ando com uma fixa com visual sofrível ou priorizo a estética e tomo mais risco ao pedalar na fixa?
A minha escolha foi de estética prejudicada, e um pouco mais de tranqüilidade ao pedalar a fixa nesta cidade (São Paulo) de trânsito meio caótico e cheia de obstáculos (lombadas, buracos, desníveis na pista, grelhas de esgoto etc.).
Vamos ao cálculo estimativo do custo da diversão de dar skids com a fixa. Ressalte-se que esse custo também é muito influenciado pelos "skid patches" - que a grosso modo significa quantos pontos do pneu são afetados pela frenagem por "skids", quanto mais pontos melhor - pois há mais dispersão. Abaixo tem uma tabela dos "skid patches" em função do numero de dentes da coroa e do pinhão.
Esse fixeiro diz na lista do Fixasampa que depois que retirou o freio, ele estava gastando um Kenda a cada três semanas. Ele passou a usar o pneu Vittoria Randonneur, que segundo ele dura mais que o Kenda, mas não diz quanto mais. Ou seja, de quantas em quantas semanas ele tem que trocar o Vittoria?
Baseados nessas informações limitadas efetuamos uma estimativa do custo da brincadeira:
“Um Kenda (West – 700 x 28) a cada 3 semanas, isso dá aproximadamente 17 Kendas/ano (52 semanas por 3) ou seja R$ 595,00 (17 x R$ 35,00). Mesmo usando Vittoria Randonneur, a conta também não é muito barata. Assumindo (para fins de cálculo estimativo) que o Vittoria dure o dobro. Esse pneu custa US$ 50,00 (cada, já incluso o frete), que resulta em R$ 80,00 (US$50 x 1,60). Durando o dobro, ele vai gastar uns 8 Vittoria por ano, o que dá R$ 640,00. Durando o triplo do Kenda, seriam (17/3 =) 5,66 Vittorias por ano ou R$ 453,00, mesmo assim não é barato”.
Entretanto, esse não é o total do gasto com SKIDS, pois os skids forçam os demais componentes da transmissão assim como o quadro. Deveriam também ser considerados os gastos com as evetuais trocas de peças devido aos skids.
A respeito do impacto dos skids no quadro, Koichi Yamaguchi, o conceituado framebuilder que fez os quadros para a equipe de ciclismo Olímpica dos USA nos anos 90 e que também construiu quadros Keirin no Japão diz: “O quadro Messenger (Obs.: quadro para fixa urbana) precisa ser mais resistente que um quadro para competição de pista. O quadro de Pista para competição não é construído para dar contra-pedal (brecar a bike com um skid) , pois isso resulta em “stress” nos tubos da corrente (chainstays), nos tubos de suporte do tubo do selim (seatstays) e nas gancheiras traseiras.”
Resumindo, as opções são: dar mais skids e tomar menos “brejas” + tomar mais riscos ou o contrário: poucos skids + mais “brejas” + upgrades na fixa e menos riscos.
By MarchaFixa
P.S.: Excesso de “brejas” e fixa sem freio não é uma combinação salutar num rolê. Vejam esse exemplo aqui.