Introdução
Resolvi traduzir este artigo do Sheldon Brown para mostrar a uns
fixantas do Fixed Gear Brasil (grupo do Facebook) que apesar dos Estados Unidos
serem o lugar aonde existem o maior numero de opções de quadros específicos
para fixas, ELES AINDA FAZEM MUITAS CONVERSÕES DE BIKES SPEED
EM FIXAS.
A comprovação é bem simples, basta ver o site Fixed Gear Gallery aonde tem pilhas de bikes de speed convertidas em
fixas.
O caso do finado Sheldon Brown é emblemático. Dono de uma bicicletaria
muito conhecida nos Estados Unidos, e que é uma unanimidade entre os fixeiros,
tinha acesso a qualquer opção de quadro de fixa, seja produção seriada ou um
especial feito por um framebuilder top de linha. Entretanto
preferiu dar o exemplo à comunidade de fixeiros utilizando quadros das mais
diversas procedências e convertendo-os em fixa.
Outro aspecto importantíssimo das fixas convertidas do
Sheldon Brown: Usam uma
miscelânea de componentes, marcas e modelos diferentes. Ou seja, ele fez muita reciclagem. E isso também acontece muito nas fixas
convertidas da Fixed Gear Gallery.
Obviamente ninguém é obrigado seguir o seu exemplo, mas por outro lado
os Fixantas do Facebook dizem que em 2016: Isso
de fazer conversões para fixa está fora de moda, não precisa. Afinal têm-se
no Brasil inúmeras opções de quadros de fixas. Ou seja, eliminaram a opção de se fazer conversões!!! Isso induz ao erro os que querem se iniciar no mundo das fixas gastando
pouco, reaproveitando uma bike encostada.
Entretanto nem tudo está perdido, conforme se pode ver nesta postagem no
Facebook por um membro do grupo Fixed Gear Brasil:
“Ao meu ver, outro (bom) motivo pra fixar um quadro
road com gancheira semi-horizontal em 2016 é quando você não tem grana (meu
caso) e quer um quadro no mínimo bem feito com bons materiais. Esse ano eu
trabalhava numa lanchonete vegana, ganhava 1000 reais por mês, tinha que pagar
aluguel e alimentação. Eu juntei uma grana por 3 meses e vendi minha Airwalk
Pista IV antiga. Com a grana que eu consegui juntar (mais ou menos R$860) eu só
tinha duas opções: Ou comprava um quadro de aço hi-ten igual ao que eu tinha na
Airwalk, ou comprava um quadro de road com uma boa tuberia e fixava. Fui na
segunda opção, e acabei achando o meu Raleigh com tubos Reynolds 753r por
R$650. Não podia ter escolhido melhor. Quando se trata de quadros específicos
pra fixa existe um gap de opções entre quadros de aço hi-ten (Até R$1000) e quadros
feitos com materiais de qualidade (O único que eu conheço é o Colossi que está
R$1.750,00). Pra quem quer um quadro de qualidade, mas não tem grana pra
comprar algo caro como Colossi, ainda faz sentido fixar quadro de road com
gancheira semi-horizontal em 2016”.
Ressalte-se que esses tubos Reynolds 753 eram os top de linha da época do
seu lançamento. A Reynolds não vendia esses tubos para qualquer framebuilder,
somente aos que tinham sido aprovados no teste de qualificação. Esses tubos
eram muito sensíveis à altas temperaturas, eram soldados com prata. Eu já tive
um quadro Look Bernard Hinault que tinha tubos Reynolds 753.
No blog existem vários posts sobre bike fixas convertidas, porém três deles abordam especificamente a Caloi 10, a saber: "Manifesto Caloi 10 Convertida em Fixa" ; "Caloi 10 Convertida vs. Bike de Pista: Um Testemunho" e "A Minha Caloi 12 Convertida em Fixa".
No blog existem vários posts sobre bike fixas convertidas, porém três deles abordam especificamente a Caloi 10, a saber: "Manifesto Caloi 10 Convertida em Fixa" ; "Caloi 10 Convertida vs. Bike de Pista: Um Testemunho" e "A Minha Caloi 12 Convertida em Fixa".
Ressalte-se que as fixas do Sheldon Brown são coerentes com o que ele recomendava para seus leitores, como pode ser lido no texto abaixo.
Sheldon
Brown sobre Track Bikes vs.
Fixa Convertida
“Bicicletas de pista são projetadas para uso em velódromos. Alguns ciclistas
rodam com elas nas ruas, mas elas são menos do que o ideal para utilização nas
ruas.
A geometria do quadro de uma bicicleta de pista também é diferente da de
uma bike speed. Desde que velódromos não têm lombadas ou buracos, eles são construídos
mais rígidos, com os ângulos do quadro mais-verticais. Isso é bom para a
capacidade de manobrar, mas faz com que eles sejam muito duros (desconfortáveis)
para rodar nas ruas do mundo real.
Apesar do fator moda (coolness) de uma verdadeira bike de pista, uma bike
de estrada convertida em fixa é o que eu recomendaria para o ciclista em busca
dos benefícios de pedalar uma bike com pinhão fixo.
Isso normalmente seria uma bike de estrada/speed mais velha, modificada
para virar uma bike com pinhão fixo. A maioria das bikes antigas com "dez
velocidades" são boas candidatas para este tipo de modificação / conversão.
Estas bikes têm a geometria apropriada para pedalar confortavelmente na
rua, vêm com freios, rodas com blocagem, espaço para para-lamas, e, às vezes
até suportes (braze-ons) para garrafa de água.
Você poderia comprar uma bike fixa pronta, mas eu tenho um artigo detalhado
sobre Conversões de
Bike de Speed em Fixas que ajudarão você a montar a sua própria fixa”.
Nota: O
blog tem vários posts sobre conversões aonde isso é detalhado em português.
Para se ter uma idéia da versatilidade das bikes fixa (e de que sou um
caso de loucura sobre o assunto) eu devo mencionar que eu tenho, eu me
envergonho de admitir, 11 (ONZE)
bikes fixa na última contagem. Deixem-me dizer-lhes algo sobre elas:
Raleigh
Em primeiro lugar, há uma bike do início dos anos 70 - Raleigh Internacional - com lindo
cachimbos retro Nervex (cromados), toda com tubos Reynolds 531, selim Brooks Swallow, cubos Campagnolo
Record flange alta. Itens não-retro incluem: guidão Scott AT-4 Pro, pedivela Shimano
105 (coroa Biopace - suspiro !!!, sim, eu sou a única pessoa no mundo que gosta
de Biopace); aros aero Sun. A roda
traseira tem 28 raios, e a da frente 24 (o cubo dianteiro é de 36 furos, eu
simplesmente não usei todos eles!), e coloquei um freio Weinmann centerpull com
um “quick release” que atua como um freio de estacionamento.
Cannondale ST 500 Touring
Há também uma Cannondale ST quadro 500 Touring, equipada com guidão
Scott AT3, para-lamas ESGE, bagageiro traseiro, toda preta, bem estilosa (cool).
O freio dianteiro é preto da marca Dia Compe operado por um manete de freio de
BMX/Freestyle que possui um botão para bloqueio que uso como um freio de
estacionamento.
Esta máquina Darth Vader é a minha bike para dias de chuva.
Raleigh Twenty (dobrável)
Há muito tempo eu tenho uma fraqueza pelas bicicletas Raleigh Twenty dobráveis.
Minha bike fixa Twenty tem um garfo Haro BMX, aros de liga leve Araya, cubos
Normandy de flange alta (eixo solido), pneus Continental Grand Prix 25 mm, guidão
de mtb com bar-end integrado, selim Brooks Swallow, freio Dia Compe de BMX. O manete de freio possui um botão de
bloqueio que eu uso como um freio de estacionamento.
Moulton Stowaway
Depois, há a minha Moulton Stowaway de 1962. Esta primeira geração da Moulton
tem suspensão completa, rodas de 349 mm (16 polegadas) e desmonta no meio para
armazenamento ou transporte em outro veículo. Ela originalmente vinha com todas
as peças de aço e um freio de contra-pedal. Eu já substituí a maioria das peças
por umas de alumínio mais atuais, tornando-a muito mais leve do que quando foi
lançada.
Mead Ranger
Uma das minhas mais recentes fixas é também a mais velha, uma Mead Ranger
de 1916. Lá trás, durante o governo Wilson (1914-1918), esta bicicleta top de
linha de $ 40 tinha aros de madeira, pneus tubulares de 28 polegadas, e um
freio de contra-pedal. Quando eu a comprei por US $ 25 em 1998, ela não tinha
rodas nem selim. Eu instalei um par de rodas 27” “vintage” de alta qualidade do
final dos anos 70), a roda traseira equipada com um cubo de pista Phil Wood.
Usando o velho estilo corrente de 1" “pitch”, esta bike tem uma coroa de
26 dentes, e o cubo traseiro flip-flop tem um pinhão de 8 e um pinhão de 10
dentes (Obs.: Eles são de um padrão
muito antigo 1” pitch, e atualmente
só se usa ½” pitch). Esta fixa é verdadeiramente
rápida para rodar, e a estrutura antiga tem um muito toque moderno. Eu tenho
uma página separada sobre esta fixa, AQUI.
As fixas acima têm apenas freio
dianteiro, operado por manete do lado direito.
Raleigh Lenton Grand Prix
Depois, há a Raleigh Lenton Grand Prix de 1957, os tubos principais são
Reynolds 531, o pedivela é um Raleigh chavetado. Esta bike tem rodas que montei
com aros de liga leve 630 mm (27”). A característica mais incomum desta fixa é
o cubo traseiro, um Sturmey-Archer ASC de 1952, com três velocidades fixas. Dá um
acionamento direto, 90% e 75%. Eu tenho
ele ajustado para as relações de ganho de: 6,31 (83 "/ 6.62 m), 5,68
(75" / 5.95 m) e 4,73 (63 "/ 4.96 m). (Minha relação fixa habitual é
de 5,77 (75,6 "/ 6.05 m gear). Atualmente, a Lenton está passando por tempos
difíceis, porque ela abriu mão de suas rodas e do selim para ajudar a equipar a
fixa E. G. Bates.
Hercules
Quase tão estranha quanta minha fixa “woodie” MTB; é esta Hercules de
1930 com um cubo reversível. Um dos lados tem pinhão fixo de 18 dentes, o outro
tem uma roda-livre de duas velocidades, 20 e 30 dentes. Esta fixa tem um
pedivela Shimano 105, com coroas 42/52. O 52/18 me dá uma relação com um ganho
de 5,56 (75 "/ 6.00 m), que eu uso na maioria das vezes. No lado da roda
livre, eu tenho as opções entre a 52/20 - 5.01 (68" / 5,44) relação para
estrada (road) e a 42/30 - 2.70 (36 "/ 2.91 m) relação para trilhas (mtb).
Esta fixa tem rodas 559 mm de mountain-bike (aro 26”), geralmente com pneu de 1,5”
semi-slick, embora às vezes eu coloco uma roda dianteira com um pneu com cravos
(knobby) se eu pretendo ir para as
trilhas. Eu tenho uma página separada sobre esta fixa, AQUI.
A maioria das fixas acima têm
pedivelas com 165 mm para ter mais margem (clearance) ao fazer curvas.
Rudge
Depois, há a minha fixa “pau para toda obra” (beater), uma Rudge do
início dos anos 50', com tubos principais feitos de Reynolds 531. Originalmente
equipada com um cubo de quatro velocidades Sturmey-Archer, esta bicicleta toda
em aço tem ainda os componentes originais, exceto que eu substituí o cubo
traseiro por um vintage de aço com 40 furos.
Esta fixa é uma lata-velha (rustbucket) que fica ao ar livre atrás da
minha casa, eu nunca coloco cadeado. Possui um engradado de leite no bagageiro
Pletscher, e ela é usada para ir à curtas distancias. Esta fixa é
deliberadamente desconfortável e difícil de pedalar, para deter ladrões. É um quadro
tamanho 21”, um par de polegadas demasiado pequeno para mim, com um enorme canote
e um selim barato de uma bike de dez marchas com a base de plástico aparecendo,
e o revestimento e a espuma arrancados.
O guidão North Road é baixo e foi virado de cabeça para baixo, de modo
que ele é pelo menos um pé (30 cm) mais baixo do que o selim. Pedais estilo “rat
trap” de aço com “pontas” afiadas, sem firma-pé e nem correias complementam o
instrumento de tortura. Qualquer imprudente (rash) o suficiente para tentar
montar esta fixa teria que ter pernas muito longas como eu, e mesmo assim, um ciclista
que não esteja acostumado a andar de bike fixa, certamente, poderá bater dolorosamente,
se ele ou ela tentar pedalar a minha Rudge. Ela tem uma relação de ganho de
5,01 (68 "/ 5,44), e é confortável o suficiente para mim para passeios de
uma ou duas milhas (no maximo 3 Kms).
Picchio Tandem
Minha esposa também é fã de bikes fixas (ela tinha uma bike speed Bottecchia do início dos anos 70 que foi
convertida em fixa) então era óbvio que precisávamos de um tandem fixa. Troquei-a
na Bicycle Classics por uma tandem Picchio
do inicio dos anos 70’. Ela veio originalmente com componentes Campagnolo Nuovo
Record. Alegadamente, o proprietário anterior achou muito assustador rodar com
esses freios lamentáveis.
Jogando a tradição no vento, eu remontei ela com pedivelas Shimano 105
com 165mm (anos atrás eu fiz um bom negocio adquirindo vários conjuntos desses
com coroas Biopace!) e com freios Shimano 105 SLR de pivô único (o melhor “side
pull” já fabricados) com sapatas de freio Mathauser. Ela freia muito bem, e é
muito divertido de andar! Tem uma relação com 52/18 - 5,95 (78 "/ 6.24 m).
Provavelmente ela foi originalmente equipada com pneus tubulares, mas coloquei
rodas com 630 mm (aro 27"). Isto levanta levemente o movimento central (uma
coisa boa em uma bike fixa!) e também melhora a frenagem (uma coisa boa para
uma tandem!).
Bridgestone CB-3
Minha Bridgestone CB-3 é uma bicicleta especial para pedalar na neve. Inicialmente
essa Bridgestone CB-3 era uma “city bike” básica de meados dos anos 80’. Tirei
todos os componentes relacionados com marchas, e o freio traseiro. Eu coloquei
um pinhão com 15 dentes no cubo de aço, que se alinha muito bem com a coroa de
28 dentes do pedivela triplo. Isso me dá uma relação de 3,63 (49 "/ 3,88
m), que é alta o suficiente para ir tão rápido quanto eu gostaria em uma
estrada coberta de neve.
Tem pneus de MTB à moda antiga com grandes cravos quadrados que parecem
funcionar muito bem no pavimento coberto de neve.
Bianchi Osprey
Minha "woodie" Hercules é tão divertida, que eu decidi tentar
fazer uma bike similar, usando um quadro verdadeiro de MTB. Eu consegui um bom
negócio em um quadro usado Bianchi Osprey. Este quadro tem gancheiras verticais,
mas eu o configurei com um cubo flip-flop: pinhão fixo de um lado, e roda livre
de duas velocidades, no outro lado. As gancheiras verticais não permitem o
ajuste da tensão da corrente, porque o eixo fica bem encaixado e imobilizado na
gancheira. Eu resolvi isso cortando o eixo bem curto, para que ele não se
estenda além das contraporcas do cone. Apenas o eixo da blocagem atravessa as gancheiras.
Uma vez que o eixo da blocagem é mais fino do que o eixo vazado do cubo, então
isso permite algum ajuste de frente para trás. Até agora, não há problemas com
essa montagem não ortodoxa, mas eu
levo uma blocagem de reposição, apenas no caso da original quebrar. É uma maravilha
de pedalar.
E. G. Bates
Minha fixa E. G. Bates é, possivelmente, a minha mais legal, e
certamente mais valiosa bicicleta. Um quadro artesanal feito magistralmente com
cachimbos muito ornamentados, e ele também possui um cubo de fixa extremamente
raro Sturmey-Archer ASC, de três velocidades fixas. Consulte a página separada para
esta bike fixa, AQUI.
Nota – Resumo da pagina de E. G. Bates:
Minha fixa E. G. Bates, no
entanto, tem tubos “butted” Reynolds 531 (exceto para as lâminas do garfo).
À primeira vista, parecia ser um quadro pista: As gancheiras do quadro
são horizontais de pista, como acontece com uma “track bike”, e o garfo tem
tubos redondos, e não lâminas ovais, que também é uma característica de
bicicletas de pista ..., mas também tem ilhoses (braze-nos) para para-lamas e
foi furado para o freio.
Após remoer várias opções, eu decidi aposentar minha bike Raleigh Lenton
Grand Prix, e transferir os melhores componentes, incluindo o cubo Sturmey-Archer
ASC com 3 velocidades fixas, para o Bates. Eu estou usando uma alavanca de
cambio para bar-end da Suntour para trocar as marchas, já que eu não tenho a
alavanca especial da Sturmey-Archer ASC, e de qualquer maneira eu não gosto
muito de alavancas na barra do guidão.
Puristas sem dúvida ficarão horrorizados com o freio Dia Compe com um
manete de freio Shimano, mas quando eu só tenho um freio, eu quero que ele seja
dos bons. Tenho certeza de que seria mais autêntico se eu colocasse uns pedais
da Lyotard #23 nessa bike, mas eu caí completamente sob o feitiço do SPD da
Shimano.
Link para pagina das fixas do Sheldon Brown: http://sheldonbrown.com/fixed-scb.html
Link para pagina das fixas do Sheldon Brown: http://sheldonbrown.com/fixed-scb.html
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Boas Pedaladas com Fixas Convertidas