Bianchi Ocelot MTB Fixa (pinhão Surly Dingle 21x17 e a altura do mov.central é 29cm)

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A Frota de Bikes Fixas do Sheldon Brown

Introdução
Resolvi traduzir este artigo do Sheldon Brown para mostrar a uns fixantas do Fixed Gear Brasil (grupo do Facebook) que apesar dos Estados Unidos serem o lugar aonde existem o maior numero de opções de quadros específicos para fixas, ELES AINDA FAZEM MUITAS CONVERSÕES DE BIKES SPEED EM FIXAS.
A comprovação é bem simples, basta ver o site Fixed Gear Gallery aonde tem pilhas de bikes de speed convertidas em fixas.
O caso do finado Sheldon Brown é emblemático. Dono de uma bicicletaria muito conhecida nos Estados Unidos, e que é uma unanimidade entre os fixeiros, tinha acesso a qualquer opção de quadro de fixa, seja produção seriada ou um especial feito por um framebuilder top de linha.  Entretanto preferiu dar o exemplo à comunidade de fixeiros utilizando quadros das mais diversas procedências e convertendo-os em fixa.
Outro aspecto importantíssimo das fixas convertidas do Sheldon Brown: Usam uma miscelânea de componentes, marcas e modelos diferentes. Ou seja, ele fez muita reciclagem. E isso também  acontece muito nas fixas convertidas da Fixed Gear Gallery.
Obviamente ninguém é obrigado seguir o seu exemplo, mas por outro lado os Fixantas do Facebook dizem que em 2016: Isso de fazer conversões para fixa está fora de moda, não precisa. Afinal têm-se no Brasil inúmeras opções de quadros de fixas. Ou seja, eliminaram a opção de se fazer conversões!!! Isso induz ao erro os que querem se iniciar no mundo das fixas gastando pouco, reaproveitando uma bike encostada.
Entretanto nem tudo está perdido, conforme se pode ver nesta postagem no Facebook por um membro do grupo Fixed Gear Brasil:
“Ao meu ver, outro (bom) motivo pra fixar um quadro road com gancheira semi-horizontal em 2016 é quando você não tem grana (meu caso) e quer um quadro no mínimo bem feito com bons materiais. Esse ano eu trabalhava numa lanchonete vegana, ganhava 1000 reais por mês, tinha que pagar aluguel e alimentação. Eu juntei uma grana por 3 meses e vendi minha Airwalk Pista IV antiga. Com a grana que eu consegui juntar (mais ou menos R$860) eu só tinha duas opções: Ou comprava um quadro de aço hi-ten igual ao que eu tinha na Airwalk, ou comprava um quadro de road com uma boa tuberia e fixava. Fui na segunda opção, e acabei achando o meu Raleigh com tubos Reynolds 753r por R$650. Não podia ter escolhido melhor. Quando se trata de quadros específicos pra fixa existe um gap de opções entre quadros de aço hi-ten (Até R$1000) e quadros feitos com materiais de qualidade (O único que eu conheço é o Colossi que está R$1.750,00). Pra quem quer um quadro de qualidade, mas não tem grana pra comprar algo caro como Colossi, ainda faz sentido fixar quadro de road com gancheira semi-horizontal em 2016”.
Ressalte-se que esses tubos Reynolds 753 eram os top de linha da época do seu lançamento. A Reynolds não vendia esses tubos para qualquer framebuilder, somente aos que tinham sido aprovados no teste de qualificação. Esses tubos eram muito sensíveis à altas temperaturas, eram soldados com prata. Eu já tive um quadro Look Bernard Hinault que tinha tubos Reynolds 753.

No blog existem vários posts sobre bike fixas convertidas, porém três deles abordam especificamente a Caloi 10, a saber: "Manifesto Caloi 10 Convertida em Fixa" ; "Caloi 10 Convertida vs. Bike de Pista: Um Testemunho" e "A Minha Caloi 12 Convertida em Fixa".

Ressalte-se que as fixas do Sheldon Brown são coerentes com o que ele recomendava para seus leitores, como pode ser lido no texto abaixo. 




Sheldon Brown sobre Track Bikes vs. Fixa Convertida

“Bicicletas de pista são projetadas para uso em velódromos. Alguns ciclistas rodam com elas nas ruas, mas elas são menos do que o ideal para utilização nas ruas.
A geometria do quadro de uma bicicleta de pista também é diferente da de uma bike speed. Desde que velódromos não têm lombadas ou buracos, eles são construídos mais rígidos, com os ângulos do quadro mais-verticais. Isso é bom para a capacidade de manobrar, mas faz com que eles sejam muito duros (desconfortáveis) para rodar nas ruas do mundo real.
Apesar do fator moda (coolness) de uma verdadeira bike de pista, uma bike de estrada convertida em fixa é o que eu recomendaria para o ciclista em busca dos benefícios de pedalar uma bike com pinhão fixo.
Isso normalmente seria uma bike de estrada/speed mais velha, modificada para virar uma bike com pinhão fixo. A maioria das bikes antigas com "dez velocidades" são boas candidatas para este tipo de modificação / conversão.
Estas bikes têm a geometria apropriada para pedalar confortavelmente na rua, vêm com freios, rodas com blocagem, espaço para para-lamas, e, às vezes até suportes (braze-ons) para garrafa de água.
Você poderia comprar uma bike fixa pronta, mas eu tenho um artigo detalhado sobre Conversões de Bike de Speed em Fixas que ajudarão você a montar a sua própria fixa”.
Nota: O blog tem vários posts sobre conversões aonde isso é detalhado em português.



Para se ter uma idéia da versatilidade das bikes fixa (e de que sou um caso de loucura sobre o assunto) eu devo mencionar que eu tenho, eu me envergonho de admitir, 11 (ONZE) bikes fixa na última contagem. Deixem-me dizer-lhes algo sobre elas:

Raleigh
Em primeiro lugar, há uma bike do início dos anos 70 - Raleigh Internacional - com lindo cachimbos retro Nervex (cromados), toda com tubos Reynolds  531, selim Brooks Swallow, cubos Campagnolo Record flange alta. Itens não-retro incluem: guidão Scott AT-4 Pro, pedivela Shimano 105 (coroa Biopace - suspiro !!!, sim, eu sou a única pessoa no mundo que gosta de Biopace);  aros aero Sun. A roda traseira tem 28 raios, e a da frente 24 (o cubo dianteiro é de 36 furos, eu simplesmente não usei todos eles!), e coloquei um freio Weinmann centerpull com um “quick release” que atua como um freio de estacionamento.

Raleigh International Fixa


Cannondale ST 500 Touring
Há também uma Cannondale ST quadro 500 Touring, equipada com guidão Scott AT3, para-lamas ESGE, bagageiro traseiro, toda preta, bem estilosa (cool). O freio dianteiro é preto da marca Dia Compe operado por um manete de freio de BMX/Freestyle que possui um botão para bloqueio que uso como um freio de estacionamento.
Esta máquina Darth Vader é a minha bike para dias de chuva.

Raleigh Twenty (dobrável)
Há muito tempo eu tenho uma fraqueza pelas bicicletas Raleigh Twenty dobráveis. Minha bike fixa Twenty tem um garfo Haro BMX, aros de liga leve Araya, cubos Normandy de flange alta (eixo solido), pneus Continental Grand Prix 25 mm, guidão de mtb com bar-end integrado, selim Brooks Swallow, freio Dia Compe  de BMX. O manete de freio possui um botão de bloqueio que eu uso como um freio de estacionamento.

Bike Fixa Raleigh Dobravel

Moulton Stowaway
Depois, há a minha Moulton Stowaway de 1962. Esta primeira geração da Moulton tem suspensão completa, rodas de 349 mm (16 polegadas) e desmonta no meio para armazenamento ou transporte em outro veículo. Ela originalmente vinha com todas as peças de aço e um freio de contra-pedal. Eu já substituí a maioria das peças por umas de alumínio mais atuais, tornando-a muito mais leve do que quando foi lançada.

Bike Fixa Moulton

Mead Ranger
Uma das minhas mais recentes fixas é também a mais velha, uma Mead Ranger de 1916. Lá trás, durante o governo Wilson (1914-1918), esta bicicleta top de linha de $ 40 tinha aros de madeira, pneus tubulares de 28 polegadas, e um freio de contra-pedal. Quando eu a comprei por US $ 25 em 1998, ela não tinha rodas nem selim. Eu instalei um par de rodas 27” “vintage” de alta qualidade do final dos anos 70), a roda traseira equipada com um cubo de pista Phil Wood. Usando o velho estilo corrente de 1" “pitch”, esta bike tem uma coroa de 26 dentes, e o cubo traseiro flip-flop tem um pinhão de 8 e um pinhão de 10 dentes (Obs.: Eles são de um padrão muito antigo 1” pitch, e atualmente só se usa ½” pitch). Esta fixa é verdadeiramente rápida para rodar, e a estrutura antiga tem um muito toque moderno. Eu tenho uma página separada sobre esta fixa, AQUI.

Bike Fixa Mead Ranger


As fixas acima têm apenas freio dianteiro, operado por manete do lado direito.

Raleigh Lenton Grand Prix
Depois, há a Raleigh Lenton Grand Prix de 1957, os tubos principais são Reynolds 531, o pedivela é um Raleigh chavetado. Esta bike tem rodas que montei com aros de liga leve 630 mm (27”). A característica mais incomum desta fixa é o cubo traseiro, um Sturmey-Archer ASC de 1952, com três velocidades fixas. Dá um acionamento direto, 90% e  75%. Eu tenho ele ajustado para as relações de ganho de: 6,31 (83 "/ 6.62 m), 5,68 (75" / 5.95 m) e 4,73 (63 "/ 4.96 m). (Minha relação fixa habitual é de 5,77 (75,6 "/ 6.05 m gear). Atualmente, a Lenton está passando por tempos difíceis, porque ela abriu mão de suas rodas e do selim para ajudar a equipar a fixa E. G. Bates.

Hercules
Quase tão estranha quanta minha fixa “woodie” MTB; é esta Hercules de 1930 com um cubo reversível. Um dos lados tem pinhão fixo de 18 dentes, o outro tem uma roda-livre de duas velocidades, 20 e 30 dentes. Esta fixa tem um pedivela Shimano 105, com coroas 42/52. O 52/18 me dá uma relação com um ganho de 5,56 (75 "/ 6.00 m), que eu uso na maioria das vezes. No lado da roda livre, eu tenho as opções entre a 52/20 - 5.01 (68" / 5,44) relação para estrada (road) e a 42/30 - 2.70 (36 "/ 2.91 m) relação para trilhas (mtb). Esta fixa tem rodas 559 mm de mountain-bike (aro 26”), geralmente com pneu de 1,5” semi-slick, embora às vezes eu coloco uma roda dianteira com um pneu com cravos (knobby) se eu pretendo ir  para as trilhas. Eu tenho uma página separada sobre esta fixa, AQUI.

Bike Fixa Hercules


A maioria das fixas acima têm pedivelas com 165 mm para ter mais margem (clearance) ao fazer curvas.

Rudge
Depois, há a minha fixa “pau para toda obra” (beater), uma Rudge do início dos anos 50', com tubos principais feitos de Reynolds 531. Originalmente equipada com um cubo de quatro velocidades Sturmey-Archer, esta bicicleta toda em aço tem ainda os componentes originais, exceto que eu substituí o cubo traseiro por um vintage de aço com 40 furos.
Esta fixa é uma lata-velha (rustbucket) que fica ao ar livre atrás da minha casa, eu nunca coloco cadeado. Possui um engradado de leite no bagageiro Pletscher, e ela é usada para ir à curtas distancias. Esta fixa é deliberadamente desconfortável e difícil de pedalar, para deter ladrões. É um quadro tamanho 21”, um par de polegadas demasiado pequeno para mim, com um enorme canote e um selim barato de uma bike de dez marchas com a base de plástico aparecendo, e o revestimento e a espuma arrancados.
O guidão North Road é baixo e foi virado de cabeça para baixo, de modo que ele é pelo menos um pé (30 cm) mais baixo do que o selim. Pedais estilo “rat trap” de aço com “pontas” afiadas, sem firma-pé e nem correias complementam o instrumento de tortura. Qualquer imprudente (rash) o suficiente para tentar montar esta fixa teria que ter pernas muito longas como eu, e mesmo assim, um ciclista que não esteja acostumado a andar de bike fixa, certamente, poderá bater dolorosamente, se ele ou ela tentar pedalar a minha Rudge. Ela tem uma relação de ganho de 5,01 (68 "/ 5,44), e é confortável o suficiente para mim para passeios de uma ou duas milhas (no maximo 3 Kms).

Picchio Tandem
Minha esposa também é fã de bikes fixas (ela tinha uma bike speed  Bottecchia do início dos anos 70 que foi convertida em fixa) então era óbvio que precisávamos de um tandem fixa. Troquei-a na Bicycle Classics por uma tandem Picchio do inicio dos anos 70’. Ela veio originalmente com componentes Campagnolo Nuovo Record. Alegadamente, o proprietário anterior achou muito assustador rodar com esses freios lamentáveis.
Jogando a tradição no vento, eu remontei ela com pedivelas Shimano 105 com 165mm (anos atrás eu fiz um bom negocio adquirindo vários conjuntos desses com coroas Biopace!) e com freios Shimano 105 SLR de pivô único (o melhor “side pull” já fabricados) com sapatas de freio Mathauser. Ela freia muito bem, e é muito divertido de andar! Tem uma relação com 52/18 - 5,95 (78 "/ 6.24 m).
Provavelmente ela foi originalmente equipada com pneus tubulares, mas coloquei rodas com 630 mm (aro 27"). Isto levanta levemente o movimento central (uma coisa boa em uma bike fixa!) e também melhora a frenagem (uma coisa boa para uma tandem!).

Picchio Tandem Fixa


Bridgestone CB-3
Minha Bridgestone CB-3 é uma bicicleta especial para pedalar na neve. Inicialmente essa Bridgestone CB-3 era uma “city bike” básica de meados dos anos 80’. Tirei todos os componentes relacionados com marchas, e o freio traseiro. Eu coloquei um pinhão com 15 dentes no cubo de aço, que se alinha muito bem com a coroa de 28 dentes do pedivela triplo. Isso me dá uma relação de 3,63 (49 "/ 3,88 m), que é alta o suficiente para ir tão rápido quanto eu gostaria em uma estrada coberta de neve.
Tem pneus de MTB à moda antiga com grandes cravos quadrados que parecem funcionar muito bem no pavimento coberto de neve.

Bridgestone CB-3



Bianchi Osprey
Minha "woodie" Hercules é tão divertida, que eu decidi tentar fazer uma bike similar, usando um quadro verdadeiro de MTB. Eu consegui um bom negócio em um quadro usado Bianchi Osprey. Este quadro tem gancheiras verticais, mas eu o configurei com um cubo flip-flop: pinhão fixo de um lado, e roda livre de duas velocidades, no outro lado. As gancheiras verticais não permitem o ajuste da tensão da corrente, porque o eixo fica bem encaixado e imobilizado na gancheira. Eu resolvi isso cortando o eixo bem curto, para que ele não se estenda além das contraporcas do cone. Apenas o eixo da blocagem atravessa as gancheiras. Uma vez que o eixo da blocagem é mais fino do que o eixo vazado do cubo, então isso permite algum ajuste de frente para trás. Até agora, não há problemas com essa montagem não ortodoxa, mas eu levo uma blocagem de reposição, apenas no caso da original quebrar. É uma maravilha de pedalar.

Bianchi Osprey - Fixa


E. G. Bates
Minha fixa E. G. Bates é, possivelmente, a minha mais legal, e certamente mais valiosa bicicleta. Um quadro artesanal feito magistralmente com cachimbos muito ornamentados, e ele também possui um cubo de fixa extremamente raro Sturmey-Archer ASC, de três velocidades fixas. Consulte a página separada para esta bike fixa, AQUI.

Bike Fixa E. G. Bates



Nota – Resumo da pagina de E. G. Bates:
Minha fixa E. G. Bates, no entanto, tem tubos “butted” Reynolds 531 (exceto para as lâminas do garfo).
À primeira vista, parecia ser um quadro pista: As gancheiras do quadro são horizontais de pista, como acontece com uma “track bike”, e o garfo tem tubos redondos, e não lâminas ovais, que também é uma característica de bicicletas de pista ..., mas também tem ilhoses (braze-nos) para para-lamas e foi furado para o freio.
Após remoer várias opções, eu decidi aposentar minha bike Raleigh Lenton Grand Prix, e transferir os melhores componentes, incluindo o cubo Sturmey-Archer ASC com 3 velocidades fixas, para o Bates. Eu estou usando uma alavanca de cambio para bar-end da Suntour para trocar as marchas, já que eu não tenho a alavanca especial da Sturmey-Archer ASC, e de qualquer maneira eu não gosto muito de alavancas na barra do guidão.  
Puristas sem dúvida ficarão horrorizados com o freio Dia Compe com um manete de freio Shimano, mas quando eu só tenho um freio, eu quero que ele seja dos bons. Tenho certeza de que seria mais autêntico se eu colocasse uns pedais da Lyotard #23 nessa bike, mas eu caí completamente sob o feitiço do SPD da Shimano.


Link para pagina das fixas do Sheldon Brown: http://sheldonbrown.com/fixed-scb.html
*            *            *

Boas Pedaladas com Fixas Convertidas

MarchaFixa

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Como Manter Baixos os Custos de Manutenção da Bike Fixa

Objetivo do post não é dizer como fazer a manutenção detalhadamente, mas dar uma ideia geral de onde focar os esforços de manutenção de uma bike fixa urbana de modo a minimizar os gastos.


Ressalva: As recomendações de manutenção têm como escopo uma fixa urbana comum / tradicional – seja ela convertida ou com quadro especifico de fixa/pista. Este post vai atender uns 95% das fixas que estão rodando hoje. E, que podem ou não serem aplicáveis a bikes de pista profissionais, e que nesse caso sugerimos que você consulte profissionais especializados nesse tipo de bike.

Este guia simplificado de manutenção de fixa/singlespeed se concentra nas partes móveis da fixa que mais são afetadas pela exposição às intempéries ou pelo uso intensivo.


Manter os custos de manutenção baixos também depende da escolha do tipo de materiais das peças / componentes. Ou ainda, se o componente tem uma vedação adequada para minimizar a entrada de detritos que desgastam internamente a peça, tais como cubos, e a caixa de direção. Exemplifico. (A) Recentemente conversando com o dono de uma bicicletaria ele me contou que um cliente pediu uma revisão de umas rodas de pista equipadas com cubos Dura Ace Track. Esses cubos não vêm com a vedação instalada. Um dos cones estava trincado e as esferas bem danificadas, obviamente causadas pelo uso nas ruas que tem muitíssimo mais sujeira que um velódromo top de linha. Ou seja, alguém que usa a sua fixa faça chuva ou faça sol deveria usar como cubo fixo um convertido de MTB e na dianteira um cubo antigo de MTB pré-V-Brake, por exemplo, o modelo Parallax da Shimano ou ainda cubo Suntour XC Pro (estes não são mais fabricados, mas existem por aí) – que possuem uma excelente vedação. (B) Atualmente são vendidos pinhões parafusados de alumínio, mas a durabilidade do mesmo é 1/5, ou seja, cinco vezes menor que um de aço cromoly temperado; ou cerca de 1/3 de um pinhão de aço comum. (C) O mesmo se pode dizer da durabilidade de uma coroa de alumínio em relação a uma coroa de aço. No caso das coroas alguns vão alegar razões estéticas ou peso adicional. O peso adicional é muito pouco frente ao ganho da durabilidade. Minhas estimativas da durabilidade do aço versus alumínio estão baseadas neste artigo publicado no site: www.63xc.comAQUI.

Escutei varias vezes coisas similares a isto nas bicicletarias e em foruns sobre bikes: “Quando você troca a corrente precisa também trocar as coroas e o K-7/roda-livre”; ou seja, trocar a transmissão inteira!!! Isso é meia verdade!!! Isso ocorre por que o ciclista continua a usar a corrente depois que laceou e isso danifica /desgasta irregularmente a coroa e o pinhão!!! Para evitar gastos desnecessários, basta trocar a corrente antes dela lacear completamente, e para saber o momento da troca basta usar uma ferramenta que indica isso. Um medidor de desgaste da corrente é o melhor investimento que o fixeiro pode fazer para manter seus custos baixos. Ressalte-se que a corrente é um dos componentes mais baratos de uma fixa comum.

Um aspecto importante para definir a frequência e a extensão da manutenção da sua fixa urbana é o uso dela, em que condições climáticas ela é exposta; ou seja, o Contexto de uso da mesma pelo ciclista. Vejamos duas situações extremas: a) a fixa é usada para lazer, ela roda basicamente quando o clima está bom (sem chuva); e, b) no outro extremo a fixa é usada por um “Messenger” – bikeboy, que trampa o dia inteiro fazendo entregas; ou ainda a fixa é usada para deslocamento diário casa-trabalho, faça chuva ou faça sol.

No primeiro caso, a manutenção pode ser bem espaçada ou esporádica, e basicamente consiste em checar se a corrente não está laceada – existe ferramenta para isso. Se estiver laceada basta trocar; caso contrário basta limpar a corrente com desengraxante e lubrificar novamente.

No outro extremo, a frequência de verificação da corrente e/ou sua limpeza devem ser bem maior, e deverá incluir outros componentes: cubos, movimento central, pedais e caixa de direção. A frequência da manutenção também precisa ser maior quando a fixa for equipada com componentes de pista profissionais (os quais não possuem vedação) e eles são utilizados nas ruas.

É importante mencionar que a manutenção da fixa tem muitas coisas em comum com a manutenção de bikes de speed.



A Manutenção da Transmissão da Fixa

É onde se deve concentrar a manutenção preventiva, pois é o conjunto de componentes da fixa mais estressados na pedalada e que estão mais expostos às intempéries, e a qualidade do pavimento aonde a bike roda.

A transmissão da fixa inclui pinhão, coroa e a corrente.

O melhor investimento em termos de manutenção é comprar a ferramenta que mede o desgaste da corrente, se ela laceou e que, portanto deve ser descartada. Existem de diversas marcas: Shimano, Park Tool, Topeak, BBB, Weldtite/Cyclo, Rohloff, Ice Tools etc etc . A ferramenta da Shimano é considerada a mais precisa.

Fatores que afetam a longevidade da corrente:

1) Relação Coroa x Pinhão: Uma relação muito pesada força em demasia a corrente, o que faz com que ela laceie rapidamente;

2) Tensionamento da Corrente: O tensionamento excessivo juntamente com uma relação pesada acelera o desgaste da corrente, ou seja, ela laceia prematuramente;

3) Condições climáticas: Se você usa sua fixa faça chuva ou faça sol, então ela requer uma limpeza mais frequente. Ciclistas que pedalam em cidades praianas também precisam fazer com mais frequência à limpeza da corrente dada a umidade e a maresia.

4) Condições da Pista/Terreno: Se você transita em ruas com muita terra, areia e sujeira isso vai grudar na corrente diminuindo a durabilidade – terra/areia atuam como se fossem um esmeril na corrente e nos demais componentes da transmissão. E, para evitar isso obviamente é necessário uma limpeza mais frequente.

5) Lubrificação: A falta de lubrificação adequada encurta a vida útil da corrente.


Ferramentas /Materiais Necessários – Limpeza / Lubrificação da Corrente

- aparelho limpa-corrente, recipiente ou garrafa “squeeze” de plástico com boca grande;

- escovas de dente velhas ou outra similar;

- estopas ou retalhos de tecido;

- ferramenta quebra-corrente (necessária se usar um recipiente ou garrafa “squeeze” para limpeza);

- desengraxante (vide comentário abaixo);

- lubrificante para corrente (use o tipo “seco”) ou parafina;

Desengraxante: Existe uma miríade de opções, que vão desde aquelas feitas em casa até os de uso industrial. Não vamos entrar no mérito de cada uma dessas opções, e obviamente algumas são melhores que as outras. O importante é que a alternativa escolhida não elimine totalmente a lubrificação original de fabrica.  A lubrificação de fabrica é feita sob pressão de modo que ela atinge as partes mais recônditas da corrente. Lembrando que o desengraxante do tipo querosene, thinner etc. tem uma viscosidade/densidade muito menor que o lubrificante; ou seja, penetram mais que o lubrificante e retiram a lubrificação de onde ela não devia ser retirada. Como a relubrificação é feita à conta-gotas ela não penetra nessas partes mais recônditas da corrente.


Uma receita caseira disseminada na internet é: uma parte de detergente neutro de cozinha (50%) e uma parte de suco de limão (50%). Resulta que essa mistura devido ao alto teor de limão (ácido cítrico) acaba atacando o metal da corrente. A superfície da corrente tem um tratamento anti-oxidante e o excesso de limão / ácido cítrico ataca ele.

No Youtube tem um vídeo (do site ondepedalar.com) onde são comparados dois desengraxantes: CIF Desengordurante (uso doméstico e a venda nos supermercados); e o desengraxante Clarus MSE 12 (uso industrial e a venda em lojas especializadas ou via internet).  O Clarus MSE 12 é um pouco mais eficiente, mas o seu custo é bem mais elevado. Essa eficiência pode ser traduzida no seguinte: leva menos tempo para fazer o serviço que o CIF Desengordurante.

A solução, em minha opinião, é dar uma turbinada no CIF Desengordurante com suco de limão, acrescentando 20%.  Ou seja, para cada 500 ml de CIF Desengordurante acrescentar 125 ml de suco de limão; então teremos quatro partes de CIF Desengordurante (80%) e uma parte de suco de limão (20%). Conversando com um amigo ciclista de MTB sobre desengraxantes, ele usa o Rodabrill – Lava Motor e Rodas de fabricação nacional. Uma bicicletaria conceituada usa o desengraxante Algoo, isso depois de testarem vários outros.

IMPORTANTE: O finado Sheldon Brown comentava que esse assunto de como limpar/conservar a corrente é meio “religioso”, e cada um de nós tem a sua “religiosidade”.

Caso o leitor discorde da minha opção, não tem nenhum problema, faça do jeito que você julga ser melhor, afinal de contas as consequências da sua escolha serão arcadas por você. Comentários ou questionamentos sobre este ou aquele método ou produto não serão respondidos, ou seja - esse assunto tem potencial para gerar grande polemicas, mas o blog se abstém de participar. Sugiro com veemência que o leitor faça a sua própria pesquisa nos fóruns sobre bikes - nacionais e internacionais e tire suas conclusões. Minha DICA: Use o desengraxante utilizado pela bicicletaria que você confia, e algumas marcas tem uma opção para o varejo – menor quantidade (por exemplo Algoo). Lembrando que existe uma miríade de desengraxantes fabricados especialmente para correntes de bicicletas (Park Tool, Pedro’s, Weldtite, Finish Line, WD-40 Bike etc.) que são mais caros devido a importação, e sem esquecer aqueles fabricados para limpeza de correntes de motocicletas tais como Motul Chain Clean C1 e os para uso em automóveis. Resumindo, existem opções para todos os gostos / “religiosidades” e bolsos.  


Evite passar na corrente querosene, thinner, pois eles retiram até a lubrificação que não deve ser eliminada. Outro cuidado é verificar se o desengraxante pode atacar a pintura, caso isso ocorra troque de desengraxante ou desmonte a corrente e limpe-a longe do quadro.

A primeira etapa é determinar se a corrente esta laceada ou não.

NOTA: Usar uma corrente laceada provoca o desgaste desigual da coroa e do pinhão que são componentes muito mais caros que a corrente!!!


Troque a Corrente. A maioria dos ciclistas não colocam novas correntes a cada 1.400 (+/- 2.240 Kms) a 1.800 (+/- 2.840 Kms) milhas, ou pelo menos uma vez por ano. Ande muito tempo com uma corrente velha, e ela irá desgastar o seu cassete e coroas, então você terá que desembolsar para substituir toda a transmissão, e não apenas a corrente. Kopps Cycle, a bicicletaria mais antiga dos USA (1891).


Existem algumas maneiras de determinar isso, vou explicar três delas. A primeira é usar uma ferramenta que mede o desgaste. (2) Outra maneira é medir a corrente com uma régua de aço para ver se ela laceou. Na segunda maneira, a corrente estará inutilizada se ela estiver entre 1/16 e 1/8 polegadas passada da marca representada pelo rebite do décimo-segundo elo da corrente. Na foto abaixo a corrente esta perfeita, pois o centro do rebite esta exatamente em cima da marca de 12 polegadas da régua.

Foto da régua com corrente

Foto da corrente passando as 12 polegadas

Como posicionar a régua: Coloque a marca do zero da régua em POLEGADAS diretamente em cima do primeiro rebite da secção de 12 elos da corrente, ressalte-se que cada elo mede exatamente UMA polegada. Conte 12 elos, e cada elo é composto de uma parte com placa interna e uma parte com placa externa. O rebite do ultimo elo (décimo-segundo) deverá estar alinhado com a marcação de 12 polegadas da régua. Caso o rebite passe mais de 1/16 polegadas dessa marca, a corrente deve ser substituída.  

Foto mostrando a corrente e a régua com 12 polegadas

A terceira maneira consiste em comparar o comprimento da corrente em uso com uma corrente NOVA. Porém, é preciso fazer um cálculo de ajuste. Ou seja, os 12 elos de corrente (que são iguais a um comprimento de 12 polegadas quando novos) não podem ultrapassar a medida de 12 1/16 polegadas. Consequentemente uma corrente usada com 48 elos não deveria ultrapassar 48 e ¼ de polegadas. Use um raio de bicicleta para transpassar os elos das duas correntes e pendurá-las, para poder fazer as medições necessárias.


Se estiver laceada, desgastada basta trocar a corrente e limpar o pinhão e a coroa.

A segunda etapa, caso a corrente ainda esteja boa, é simplesmente lavar a transmissão com um desengraxante, passar uma escova para retirar eventuais detritos que estejam grudados nela.  Repassar o desengraxante, mais uma vez.  Na sequencia secar a corrente removendo os restos do desengraxante. E, depois lubrificar novamente a corrente.


O lubrificante deve ser pingado na parte interna da corrente, aquele lado que “abraça”  o pinhão / coroa.  Assim evita-se que grude poeira na parte externa e na lateral da corrente, e eventuais excessos de lubrificante nessas partes devem ser eliminados com um pano seco e limpo. Não se esquecendo de limpar a coroa e o pinhão com uma escova de dente velha molhada no desengraxante, depois retire os resíduos do desengraxante com a estopa/retalhos de pano.

Importante: é vital para a corrente que ela trabalhe praticamente seca por fora e lubrificada por dentro, para evitar que grude poeira/detritos na lateral da corrente. Por isso é necessário limpar o excesso de lubrificante com um pano bem seco e limpo.


Existe uma alternativa à lubrificação que é passar a corrente já limpa na parafina. Alguns usam um recipiente metálico aonde vai a parafina que é derretida (SEM FERVER) no fogão e a corrente é submersa nisso e retirada quase que imediatamente. No exterior existem potes de cera / parafina específicos para correntes de bike, como os fabricados pela Molten Speed Wax. No site Instructables existe um “tutorial” passo-a-passo de como lubrificar uma corrente usando parafina, AQUI.

Coroa

A coroa precisa ser substituída quando os dentes começarem a ter um formato que lembra “dentes de tubarão”. No caso de fixas, as coroas de aço duram muito mais que uma de alumínio, conforme é mencionado neste artigo “Surly Stainless Steel Chainrings” do site www.63xc.com, AQUI . Vide foto abaixo.

Foto Coroa Dentes de tubarão


Pinhão Fixo

O pinhão fixo também gasta com o uso e quando os dentes começarem a afinar e ficar levemente parecidos com dentes de tubarão, ele deve ser substituído. Neste caso é melhor trocar toda a transmissão, desde que a coroa também esteja comprometida.

A empresa Renold PLC, cujo fundador Hans Renold, um engenheiro suiço radicado na Inglaterra, que foi quem inventou as modernas correntes (roller chain) em 1880, diz o seguinte sobre o desgaste de pinhões, AQUI:

“Pinhão que tenha sido usado além de certo ponto vai causar desgaste da corrente rapidamente e deve ser substituído o mais breve possível. Mas, Quanto o desgaste é muito? E, que tipo de inspeção visual que você pode realizar para determinar isso?”

“Se você olhar para as faces dos dentes do pinhão você verá uma indicação da quantidade de desgaste que já ocorreu. Isto irá ser visto como uma faixa rebaixada e polida, na linha do diâmetro do círculo dos pinos da corrente (PCD - pitch circle diameter), em cada um dos dentes, como mostrado no diagrama abaixo”.


Diagrama da Mensuração do Desgaste do Pinhão 




“Se a profundidade do desgaste, X, atingiu um valor igual a 10% da dimensão Y, então o pinhão chegou ao fim da sua vida útil e tem de ser substituído. É importante ressaltar que usar pinhões de baixo custo, de má qualidade na maioria das aplicações industriais é uma falsa economia. Um pinhão de boa qualidade deve durar mais que a vida de várias correntes antes que a quantidade de desgaste mostrada aqui tenha ocorrido.”

 Importante: Isso se refere a pinhões para fins industriais. Entretanto foi o único lugar que obtive uma resposta quantitativa e abalizada sobre desgaste de pinhões. Em fóruns no exterior é dito algo assim: “O desgaste mostra-se como se os dentes assumissem um perfil de ‘sharkfin’ (dente de tubarão). Ou seja, côncavo no lado que os roletes da corrente puxam contra o dente”. Entretanto, é exatamente isso que é mostrado no diagrama acima da Renold.

Neste post do blog “Pinhão Boone (titânio) Parafusado no Cubo de Disco”, o autor comenta que em um ano ele trocou a correntes três vezes. Conforme ele conta a seguir: “Após uma temporada de uso e três correntes, o pinhão parafusado apresenta apenas leve desgaste. A abrasão aparece nas pontas dos dentes, e há um pouco de marcas dos elos da corrente onde ela toca a base do pinhão. A transmissão (cubo, pinhão, corrente e pedivela/coroa) gira suave e silenciosamente, quase como novo (sempre que substituo a corrente, é isso que acontece)”.

Pinhão Boone de Titanio


Existem ferramentas (Sprocket Checker / Wear Indicator) para determinar o desgaste de engrenagens (K-7) / pinhões, mas nenhuma afirma que é especifica para pinhões de pista. Para serem passiveis de serem usados em pinhões fixos deveriam usar uma corrente de 1/8 (grossa), mas todas mostram o exemplo de uso em um K-7 e a corrente parece ser fina. Existem das seguintes marcas: KMC, Rohloff, Unior. 


Cubos de Fixa

Os cubos de fixa existem com rolamentos e cone/esferas. Os cones/esferas com anel de vedação aguentam melhor as intempéries, e especialmente os cubos de disco convertidos para pinhão parafusado que possuem uma excelente vedação para as ruas, pois são para MTB. É necessário verificar se o cubo não esta com folga, se o eixo esta girando livremente sem rangidos ou “pontos duros”; caso isso não se verifique então ele deve passar por uma manutenção.


Um cubo com folga irá desgastar desigualmente o cone e a bacia. O cone é fácil de substituir, mas a bacia é bem complicada, pois na maioria das vezes não existe reposição e você terá de trocar o cubo. A bacia de cubos antigos top de linha, ainda é possível conseguir na internet, nos demais casos quase que a única alternativa é a canibalização. Uma bacia desgastada desigualmente faz com que a roda fique desalinhada e vai ter folga / “pontos duros”.

Materiais / Ferramentas Necessárias – Cone/Esfera

- duas chaves de cone 13 ou 14 (a grande maioria dos cubos usa essa medida);

- duas chaves de “locknut” (contra-porca).  (Obs.: O “locknut” é que encosta na gancheira).  O normal é usar uma chave estrela 17, mas existem variações entre os fabricantes de cubos. Nota: As chaves de cone e de “locknut”: às vezes são intercambiáveis. Porém a chave estrela não entra no cone. Você precisa verificar qual à medida que serve no seu cubo;

- desengraxante para limpeza, que pode ser até querosene ou outro solvente;

- jogo de esferas. Nota: Esferas tem “grade”, ou seja, nível de qualidade / “esfericidade”. Aquelas usadas por 99,9% das bicicletarias são “grade” 10 ou inferior. Para fins comparativos, a Campagnolo usa “grade” 25, e o mesmo pode ser dito da Shimano quanto aos grupos médios/ top de linha.

A medida padrão para as esferas traseiras é ¼ de polegada, mas na dianteira ocorrem mais variações de tamanho. Por exemplo, cubo dianteiro Quando (chinês) para freio a disco usa esferas de ¼ de polegada!!!

- graxa. Evite usar as graxas com lítio que com o tempo ressecam e atacam borrachas usadas nas vedações. Dependendo das condições climáticas aonde a bike é usada, é melhor usar graxa náutica daquelas usadas na rabeta do motor de popa, tais como: Evinrude Johnson OMC Triple Gard que é a prova d’agua, mas a maioria das graxas náuticas é resistente à água. Nunca usei essa da Evinrude, mas vi a recomendação nos fóruns dedicados às atividades náuticas. A melhor graxa especifica para bikes é a da Phil Wood, que é do mesmo padrão daquelas usadas em bombas submersas. Existem outras marcas de graxa conceituadas: Park Tool Polylube, Pedro’s, Finish Line etc.

Cubos Roletados

Verificar se o anel de vedação está intacto e se os rolamentos estão ou não com folga. Caso estejam com folga ou o anel de vedação esteja danificado eles devem ser trocados. E, esse procedimento é um pouco complicado, e, portanto deve ser feito por um mecânico profissional.

Caixa de Direção – “Old School”

Esse componente também utiliza esferas, e existem algumas que tem um “cartdridge” – neste caso as esferas ficam seladas e requerem muito menos manutenção. Quando fizer a manutenção dos cubos também revise a caixa de direção, nem que seja para trocar a graxa, pois apesar da vedação alguns detritos se infiltram nela.


Materiais / Ferramentas Necessárias – Caixa de Direção

- duas chaves com 32 mm especificam para isso (a grande maioria dos copos usa essa medida – tamanho standard com espiga do garfo com 25.4 mm); e no caso de caixas de direção aheadset basta usar uma chave Allen para desmontá-la;

- desengraxante para limpeza, que pode ser até querosene ou outro solvente;

- jogo de esferas. Nota: Esferas tem “grade”, ou seja, nível de qualidade / “esfericidade”. Aquelas usadas por 99,9% das bicicletarias são “grade” 10 ou inferior. Para fins comparativos, a Campagnolo usa “grade” 25, e o mesmo pode ser dito da Shimano quanto aos grupos médios/ top de linha. Existem variações de tamanho das esferas entre as marcas de caixas de direção standard (25.4 mm).

- graxa. Você pode usar a mesma empregada nos cubos.


MOVIMENTO CENTRAL
Atualmente usa-se basicamente movimento central selado. A exceção são as bikes de pista keirin (NJS) que usam colar de esferas.
Movimento central selado se estiver com folga deve ser substituído. No caso de movimento central NJS devem ter manutenção com mais frequência, pois não possuem vedação. A manutenção de MC keirin é a mesma da caixa de direção, mas você vai precisar de ferramentas especificas para esse tipo de movimento central. Isso é melhor ser feito por uma bicicletaria.

SAPATAS DE FREIO

Basta verificar se as sapatas não estão muito gastas – os sulcos indicadores desapareceram? Ou, se não estão excessivamente lisas. Se os sulcos desapareceram então as sapatas devem ser substituídas por novas. Se estiverem excessivamente lisas, mas com sulcos, elas devem ser retiradas, limpadas e passadas levemente em uma lixa fina.

PEDAIS
Eles também são muito exigidos em uma fixa, principalmente devido aos skids. Precisam ser lubrificados. Ressalte-se que se os pedais são daqueles baratos – tipo plataforma - se estiverem com folga devem ser descartados, pois não vale a pena gastar tempo com a sua  manutenção.
Os pedais que valem a pena dar manutenção são aqueles “old school” modelos top de linha: Campagnolo Aero ou Pista, Ofmega, Gipiemme, Shimano “delta”, MKS, Suntour modelos Superbe Pro ou Cyclone.
A manutenção de pedais é um pouco mais complicada, pois muitos fabricantes fizeram ferramentas especificas para a desmontagem do pedal. Os mais simples de fazer manutenção são aqueles que têm uma tampa externa que dá acesso ao eixo/cone/locknut do pedal. Os mais complicados são os Shimanos estilo “delta” cujo acesso se dá pelo lado do eixo que está rosqueado no pedivela ou ainda os pedais “clipless” dada a variedade.
Os pedais mais simples (os “Old School”) bastam desmontá-los limpar os cones/pistas de esferas e se for o caso trocar as esferas e engraxá-los. O que vai ser necessário é o seguinte:
- uma chave de tampa externa do pedal (existem variações entre marcas);
- um “axle vice” para prender o eixo na morça sem estropiar as roscas;
- chaves apropriadas para desrosquear o “locknut” / cone;
- estopa /retalhos;
- recipiente para limpeza das peças;
- solvente, e pode ser querosene ou similar;
- graxa - você pode usar a mesma dos cubos;
- esferas novas (se for o caso).
Observe ao desmontar a ordem em que estão dispostas as diversas peças que compõe o pedal – tire fotos com o celular, e conte o numero de esferas para colocar o mesmo numero de esferas novas. O procedimento é o mesmo usado no caso da limpeza dos cubos.
Resumindo, a manutenção de pedais mais complicados deve ser deixada a cargo do mecânico da bicicletaria.

RECURSOS ADICIONAIS
Caso você queira expandir o seu conhecimento de mecânica de bicicletas existem as três “bíblias”:
- Sutherland's Handbook for Bicycle Mechanics;

- Barnett's Manual: Analysis and Procedures for Bicycle Mechanics;

- PARK TOOL Big Blue Book of Bicycle Repair.

Boas Pedaladas a Todos,

By MarchaFixa