Neste post vou para o outro extremo, que é o custo de montar uma fixa urbana top de linha. Provavelmente irá gerar mais controvérsias do que seu oposto – montar uma fixa básica que foi objeto deste post: Montar uma Fixa Básica do Zero ou Comprar Pronta? Dado que a coisa fica mais subjetiva, já que inexiste restrição orçamentária.
O primeiro aspecto é que uma fixa top de linha
dificilmente você vai encontrar prontinha na loja, pois neste caso tudo é
”customizado”, mas existem algumas lojas que tem os componentes tops para ela
ser montada rapidamente: WrenchScience em Berkeley, California; R & A
Cycles in New York, Kalavinka em Tokio, Condor Cycles em Londres etc.
É muito mais fácil montar uma bike de pista top de
linha do que uma fixa top de linha. Na bike de pista você basicamente tem um
único critério para fazer as suas escolhas dos componentes e do quadro: Esse componente vai incrementar minha
performance no velódromo ou não ? Não
vai quebrar durante a corrida?, ou seja, durabilidade não é uma prioridade - só não pode quebrar durante a competição!!! Por outro lado, às vezes, o ciclista
profissional tem de usar os componentes de seu patrocinador. Na fixa de uso
urbano, essa busca por performance é secundária, mas durabilidade é importante , e o estilo, design e conforto
tem precedência sobre o resto; o que complica um pouco a definição dos
componentes dada a multiplicidade de opções e toda a subjetividade envolvida.
Antes de começar, vou fazer uma ressalva – usar
componentes de carbono em uma fixa urbana não faz muito sentido, pois
performance é meio que irrelevante e o custo adicional é maior que componentes
feitos de alumínio por fabricantes top de linha, por exemplo mesas e guidões da
Nitto etc. Alias, em vez de gastar com carbono, acho que é melhor gastar com
componentes NOS (New Old Stock – Novo, mas Estoque Antigo) comprados no eBay.
Alguém vai pensar/argumentar: Os ciclistas profissionais usam bikes de carbono e com muitos componentes de carbono, e eu também quero usar uma pisteira de carbono nas ruas, por que não posso??? Sim, você pode. Não existe nenhum impedimento, exceto o bom senso. Explico. Caso a bike ou qualquer componente de carbono usado pelo ciclista profissional sofra algum tipo de avaria que exija a troca do componente ou do quadro, o custo disso não sai do bolso dele, quem paga é a equipe!!! Enquanto que no caso do ciclista amador, é ele proprio que arca com os custos !!! Antes de você prosseguir com essa idéia tenha em mente o que é dito nos paragrafos abaixo.
Believe it or not, it is a quote from a major carbon frame manufacturer from the FAQ section of their website. I think it is worth pointing out that the frame in question here is a $4,000 frame, and the manufacturer thinks that 5 years is a reasonable life for such an expense. Let's see....$4,000 over 5 years (60 months) = $67 per month. The warranty excludes damages from "extremes of temperature, or the effects of UV light". Isn't that sunlight? OK, we don't have to worry about that one here in Seattle".
Os problemas dos quadros e
componentes de carbono também são abordados neste post aqui:"Fibra
de Carbono - Cuidado com os Excessos". Outro dia estava em uma
rede social um neófito ou sendo um pouco mais objetivo: um FIXANTA adubando o mundo das fixas com a sua ignorância, dizendo
que carbono é resistente etc. etc... e que o Yamaguchi diz sobre quadros de
pista vs. fixa não se aplica mais (vide texto do Yamaguchi abaixo).
Alguém vai pensar/argumentar: Os ciclistas profissionais usam bikes de carbono e com muitos componentes de carbono, e eu também quero usar uma pisteira de carbono nas ruas, por que não posso??? Sim, você pode. Não existe nenhum impedimento, exceto o bom senso. Explico. Caso a bike ou qualquer componente de carbono usado pelo ciclista profissional sofra algum tipo de avaria que exija a troca do componente ou do quadro, o custo disso não sai do bolso dele, quem paga é a equipe!!! Enquanto que no caso do ciclista amador, é ele proprio que arca com os custos !!! Antes de você prosseguir com essa idéia tenha em mente o que é dito nos paragrafos abaixo.
Ressalte-se que quadro de carbono tem prazo de
validade e eles são pouco resistentes à impactos e tem baixa resistência à
fadiga. Vejam a citação abaixo tirada DAQUI:
"DO CARBON FRAMES LAST?
Yes.
[Our] frames are guaranteed for five years of racing and training use. When the
primary consideration is performance, carbon is the only choice. If you really
need your frame to last for fifty years, buy a steel one".
Believe it or not, it is a quote from a major carbon frame manufacturer from the FAQ section of their website. I think it is worth pointing out that the frame in question here is a $4,000 frame, and the manufacturer thinks that 5 years is a reasonable life for such an expense. Let's see....$4,000 over 5 years (60 months) = $67 per month. The warranty excludes damages from "extremes of temperature, or the effects of UV light". Isn't that sunlight? OK, we don't have to worry about that one here in Seattle".
TRADUÇÃO:
"QUADROS DE CARBONO SÃO DURÁVEIS?
"Sim.
[Nossos] quadros são garantidos por cinco anos de uso em competições e
treinamentos. Quando a principal
preocupação é o desempenho, o carbono é a única opção. Se você realmente
precisa que seu quadro dure 50 anos, compre um de aço".
"Acredite ou não, é uma citação de um grande fabricante
de quadro de carbono tirada da seção FAQ (Perguntas e Respostas) do seu site. Eu acho que é importante ressaltar que o
quadro em questão custa US$ 4.000 (quatro mil dólares !!!), e o fabricante acha
que 5 anos é um tempo razoável para tal despesa. Vamos ver .... $ 4.000 ao
longo de 5 anos (60 meses) = $ 67 por mês (ou US$ 800/ano !!!). A garantia
exclui danos de "extremos de temperatura, ou os efeitos dos raios de luz
UV". Não é que isso é a luz solar? OK, não precisa se preocupar com isso
aqui em Seattle".
Vamos começar pelo quadro de fixa em cromoly,
eliminado o carbono, o alumínio, sobram o cromoly e o titânio. E, além disso, só serão
considerados quadros em cromoly cachimbados, apesar de que quadros de titânio são excelentes pela sua durabilidade e caracteristicas muito similares ao comportamento do cromoly. Aqui temos a opção ocidental ou a oriental. Caso você seja meio
imediatista, uma opção ocidental e legal é um quadro pronto Cinelli Super Pista
ou um Colnago Pista Art Decor ou ainda um Tommasini,
obviamente existem outros quadros italianos em cromoly e cachimbados, e também ainda tem as opções de
comprar no eBay um quadro de pista NOS. Para
os mais pacientes, tem os quadros sob medida e existe uma boa seleção de
framebuilders que fazem quadros ”custom made”, por exemplo: Pelizzoli,
Tommasini, Bob Jackson, Vanilla, Yamaguchi (quadro Messenger), Serotta, Richard
Sachs, Moyer etc. O fato de um
framebuilder não estar nesta lista, não quer dizer que seja ruim e que não
sejam capazes de fazer um quadro de fixa top.
No outro lado do mundo, temos os framebuilders
japoneses licenciados NJS para construírem quadros keirin (pista em japonês) e
eles são tão bons quanto os framebuilders italianos. Para os impacientes, um
quadro novo de pista Panasonic é produzido de
acordo com a tabela de especificações deles e é entregue ao cliente em quatro
semanas e acho que existe a opção do titânio, mas nesse caso é com solda TIG. A
maioria dos top framebuilders japoneses (Nagasawa, Makino, Level, Kinfolk
(antiga Vivalo) etc.) tem uma lista de espera grande e alguns como Kalavinka só
estão atendendo os ciclistas profissionais (corredores de keirin). Existe a
opção de comprar um quadro top usado que são vendidos pela NJS Export e também
pelo Track Supermarket–NJS, sem esquecer o Yahoo Japão – que tem site similar
ao Mercado Livre.
Na Australia existe a Llewellyn Bikes que
produz os seus próprios “lugs” (cahimbos) para construir os quadros sob
encomenda. Ressalte-se que são muito poucos framebuilders que desenham / fabricam
os seus próprios “lugs”, entre eles: Richard Sachs (USA), Ritchey (USA),
Cinelli, Pacenti (USA), Kalavinka (Japão). A lista de espera para os quadros da
Llewellyn Bikes está enorme, e você tem que reservar um lugar na fila mediante
deposito de US$ 500.00 e caso você desista não tem devolução.
A melhor opção em termos de custo x beneficio é um Panasonic NJS, vai custar cerca de US$
1,000.00 no Japão; mas a Yellow Jersey dos USA vende eles por cerca de US$
1,400.00 e são sob encomenda. Quadros
prontos da Cinelli Super Pista e similares custam entre US$ 2,500.00 e US$
3,000.00. Os quadros sob medida vão custar cerca de US$ 3,000.00 , (pacote
básico), mas dependendo dos tubos escolhidos (Columbus em Inox) e tipo de
pintura (com flakes) podem custar mais de US$ 4,000.00 .
A respeito de quadros de fixa para uso nas ruas, vamos
repetir o que falou Koichi Yamaguchi: “O
quadro Messenger (p/
fixa urbana) precisa ser mais resistente
que um quadro para competição de pista. O quadro de Pista para competição não é
construído para dar contra-pedal (brecar a bike com um skid), pois isso resulta
em “stress” nos tubos da corrente (chainstays), nos tubos de suporte do tubo do
selim (seatstays) e nas gancheiras traseiras.”
Este parágrafo que aborda aros/ cubos / rodas é onde ocorre
a maior variedade de opções e também um alto grau de subjetividade. Para uma bike
de pista para competição em velódromo não existe muita discussão, sob as regras
da UCI e a busca pela vitória, usa-se roda de carbono e não se fala mais nisso,
que serão de alguma marca top: Mavic, Corima, HED, Zipp, Campagnolo etc., que
utilizam pneu tubular. Por outro lado, nas competições keirin no Japão
obrigatoriamente (regras da NJS) é tudo “old school”: aro tubular Araya NJS;
cubo Dura Ace NJS (36 furos) ou outra marca certificada NJS e raios Hoshi NJS
com 305mm para cruzá-los 4x.
Usar pneu tubular numa fixa urbana não faz muito
sentido, pois eles são feitos para maximizar a performance e não para terem
durabilidade, caso estraguem ou furem a equipe do ciclista fornece outro; mas
no nosso caso (fixeiros urbanos) nós temos de pagá-los do nosso bolso. Obviamente,
isso também ocorre com relação a qualquer componente da fixa que estrague ou quebre,
inclusive o quadro. E trocar pneu tubular não é das coisas mais fáceis, pois tem de descolar o pneu furado e colar o estepe!!!
O fetiche de muitos fixeiros urbanos são as rodas
Aerospoke, é o sonho de consumo de muita gente. É puro “estaile”, mas gosto não
se discute. Não são leves, pesam bem mais que uma roda pronta de fixa (Mavic
Ellipse) ou uma montada com aros Mavic Open Pro e cubos de pista / fixa top de
linha – Phil Wood, White Industries, Royce, Campagnolo Record ou Shimano Dura
Ace, cerca de 400 gramas à mais (por roda) e são mais caras. Visitei o site
deles e não encontrei o peso delas, mau sinal. E, a aba do site com as
especificações das rodas não funciona !!! Ou seja, o ciclista está comprando
algo que custa US$ 330.00 (dianteira) e US$ 350.00 (traseira) na cor natural de
carbono sem informações, como o “estaile” é mais importante pra que muita
informação!!! E as coloridas custam adicionalmente cerca de US$ 100.00 a mais
por roda. Apesar disso, não dão maiores informações sobre as mesmas!!!
“Estaile” acima de tudo!!! Encontrei o peso neste fórum AQUI:
dianteira 1.274g e a traseira 1.440g, ou seja, um total de 2.714 gramas !!! Como
disse um membro desse fórum: “é uma
tonelada de estilo”. No Brasil, vão custar pelo menos uns 100% à mais
(impostos, fretes etc.), mas dá para trazer junto com as malas.
Existe a “lenda” que a Aerospoke estava com problemas
financeiros e fez uma liquidação para baixar os estoques e fazer caixa. As rodas
eram vendidas por US$ 100.00 e os principais compradores foram os bike couriers,
pois são resistentes e tem baixa manutenção. Outros ciclistas viram e gostaram,
e depois com a onda “hipster” das fixas a Aerospoke se recuperou.
Por outro lado, a Mavic tem uma roda de treino para
pista modelo Ellipse que usam pneus
clincher, cujo cubo traseiro é
flip/flop e são estilosas, pois tem um perfil de 30mm e poucos raios (20).
Ressalte-se que o site da Mavic dá todas as informações sobre a roda, inclusive
o peso – dianteira 905 gramas e o par atinge 1895 gramas. Na Amazon (USA) o par
de rodas custa US$ 550.00 + frete.
Segundo Peter White que tem uma bicicletaria
com o mesmo nome, os melhores aros que ele conhece são os Velocity e Mavic.
Ressalte-se que a base das rodas Aerospoke são aros feitos pela Velocity.
Os aros mais populares utilizados nas fixas são os da
Velocity (Australia), principalmente o “Deep V” (US$ 60.00 e pesa 530 gramas)
que tem um perfil de 30mm, e também o B43 (US$ 100.00 e pesa 770 gramas) cujo
perfil é de 43mm. Existe também um modelo de aro que tem um estilo “old school”
– perfil baixo (16mm) é o modelo Razor (US$ 80.00 - 450 gramas) que tem
semelhança com aros para pneu tubular.
Os aros Mavic mais utilizados em rodas fixas são os
modelos Open Pro (US$ 80.00 - 435 gramas) que tem perfil baixo e o CXP 33 (US$
85.00 - 470 gramas) que tem um perfil aero com 33mm.
No eBay aparecem muitos aros NOS da Mavic, Nisi, FIR,
Ambrosio, Wolber, Fiamme, Campagnolo que podem ser utilizados numa montagem
mais clássica.
Aros de qualidade estão escassos no Brasil, pois com a
ênfase em rodas montadas, os importadores não estão trazendo aros. A grande
maioria das fixas básicas montadas no Brasil usam aros da Vzan Spin (perfil de
30mm), feitos aqui, e que custam entre US$ 20 -25.00 / cada.
Os raios a serem utilizados na montagem da roda devem
ser DT Swiss, Sapim ou Wheelsmith. Os dois primeiros rivalizam em qualidade.
Para aquele fixeiro que quer dar uns skids com sua fixa top de linha, eu recomendo
utilizar os cubos de fixa da White Industries, dado que o pinhão é encaixado e
não rosqueado. Ou seja, nunca vai espanar a rosca. Eles são no estilo “old
school” e usam eixos de aço inox e tem uma ótima vedação. A única coisa que não
gostei foi das porcas por serem na cor bronze, e eu as trocaria por porcas dos
cubos Dura Ace de pista que são cromadas. A outra alternativa para quem
pretende dar skids é o cubo da Phil Wood modelo ISO que utiliza pinhão parafusado,
o qual foi objeto do seguinte post: Pinhão
Parafusado é Gambiarra? Não É, Segundo a Phil Wood.
Os skids são os inimigos dos cubos tradicionais de
fixa/pista (c/ 2 roscas), pois esses cubos não foram construídos para isso.
Caso o quadro fosse de origem europeia, por uma
questão de afinidade, eu utilizaria cubos fabricados na Europa. Neste caso
utilizaria um cubo da Victoire Cycles (França) que também usa um sistema de
pinhão de encaixe, o que assegura a longevidade do cubo, e pode–se dar skids
sem medo de estropiar a rosca. Existem outras opções top de linha – cubos Royce
(UK), cujos eixos são de titânio e fabricam um excelente movimento central também
em titânio e os cubos Campagnolo Record de pista. Outras alternativas são os
cubos de pista NOS à venda no eBay, tais como: Zeus (NOS), Gipiemme (NOS),
Campagnolo Sheriff Star etc., e alguns custam mais caros que os novos –
principalmente os da Campagnolo.
Para um quadro fabricado nas Americas, eu utilizaria
um cubo da White Industries com pinhão de encaixe. E no caso de quadros
japoneses ou australianos seria um cubo de pista Dura Ace de pista –
preferencialmente o modelo HB-7600 – que possui vedação, ou cubos de pista (NOS)
fabricados no Japão pela Suntour – existem no eBay ou no Yahoo Japão, saíram de
linha há muito tempo, mas são de ótima qualidade.
No caso de usar um cubo tradicional de pista/fixa,
então os pinhões da EAI ou da Phil Wood em inox são uma ótima opção, e ambos
são fabricados nos Estados Unidos. Os pinhões da Dura Ace são fabricados com no
máximo 16 dentes e a grande maioria das fixas usam 17 ou 18 dentes.
A corrente a ser utilizada na montagem tem que ser
compatível com o nível das demais componentes. Os melhores fabricantes de
correntes para pista estão no Japão que são a D.I.D e a Izumi. A corrente DID
modelo Racing Pro NJS (1/8”) que é em aço inox e custa US$ 40.00 e a Izumi
Super V Thoughness NJS custa cerca de US$ 53.00, ambas vendidas pela Alex
Cycles. Entre os fabricantes de componentes para fixa/pista somente a SRAM e a
Miche (italiana) produzem correntes de pista (1/8”). Estou usando uma corrente
Miche em uma fixa e não tenho o que reclamar. A KMC fabrica em Taiwan correntes
para fixa que são muito populares entre os fixeiros devido a sua ótima relação
custo x beneficio.
O próximo item é o pedivela. As opções são Campagnolo Record Pista (BCD
144mm), Shimano Dura Ace Track NJS (BCD 144mm), – o melhor é o FC-7600 que usa
ponta quadrada. Ou ainda, o pedivela Paul Components Royal Flush (é para fixa)
e o Sugino 75 (BCD 144mm), que também é
certificado pela NJS . A Sram fabrica o Omnium (BCD 144mm) que é o primeiro
pedivela que usa um movimento central com os copos externos. Existe também o
FSA Gimondi (lançado recentemente e com BCD 130mm) que é uma réplica dos
pedivelas de pista “old school” dos anos
70 – 80. Existem muitos pedivelas NOS (New Old Stock) no eBay que podem ser uma
alternativa interessante: Gipiemme, Ofmega, Campagnolo, Suntour etc.
O movimento central deve ser o recomendado pelo
fabricante do pedivela. Entretanto, o MC-movimento central (código do produto
BB-7600) para o pedivela de pista Dura Ace (FC-7600) é difícil de achar, mas dá
para usar um Dura Ace (BB-7410) de estrada que tem 103mm e fica muito bom – já
fiz isso . E, no caso do pedivela Campagnolo Record – o movimento central para
pista não tem vedação; então a solução é usar um MC Campagnolo Centaur com
ponta quadrada ou ainda um MC da Phil Wood no padrão ISO e com 111mm. A Royce
(UK) fabrica movimentos centrais em titânio que também são uma ótima opção,
assim como a Stronglight (França).
O pedal é um item complicado e sujeito a controvérsias,
pois tem muita gente que prefere pedal clipless. Considerando que o quadro de
cromoly para fixa é meio “old school”, sou tentado a usar um pedal com
firma-pé. Caso o quadro seja japonês NJS, eu usaria um pedal MKS Royal Nuevo,
que é polido /prata (certificado NJS) juntamente com o pedivela Sugino 75 e se
fosse Dura Ace de pista, o pedal seria o modelo Dura Ace PD-7400. No caso de um
pedivela Campagnolo Record, eu usaria um Record Aero NOS com firma pé, que são
meio raridade – podem chegar a custar no eBay US$ 500.00 ou mais, e uma
alternativa mais em conta e menos difícil é um pedal Campagnolo Chorus Aero. Uma
alternativa é usar um pedal NJS da MKS (japonesa) que tem modelos muito
parecidos com os Campagnolo fabricados antes do advento do pedal clipless, por
exemplo, o modelo Custom Nuevo. Existe um pedal fabricado pela MKS modelo EXA
que permite você usar uma sapatilha de encaixe tipo Look ou firma-pé, esse também
é vendido pela Alex Cycles e custa US$ 250.00.
O selim também está sujeito à controvérsias. Muitos
fixeiros inclusive em fixas top utilizam o Brooks, se este for o caso, o melhor
é utilizar aquele que os trilhos são de titânio – modelos Swift e o Team Pro,
assim mantém a bike mais leve. Caso você queira algo mais clássico, o ideal
seria um San Marco Concor com trilhos de titânio ou um San Marco Regal. Alguns
vão pensar: mas numa replica de bike keirin não deveria ser usado um selim
Kashimax NJS? Sim, isso seria o correto, mas os gluteos vão protestar, são
muito desconfortáveis conforme testemunhos lidos em fórums do exterior, mas o
Concor é parecido com o Kashimax.
O próximo item é o canote do selim. Eu escolheria em
sintonia com os demais componentes. O pedivela Campagnolo faria par com um canote
Record Aero; no caso de um pedivela Sugino 75 então seria um Nitto NJS e no
Dura Ace ou Suntour seria um canote NOS do mesmo grupo, para o Dura Ace seria o modelo SP-7410 ou o anterior que era
no estilo aero (SP-7400).
A mesa / avanço apresenta dificuldades, pois hoje
existem as aheadset. Os quadros keirin japoneses são todos com rosca, assim
como a maioria dos quadros de pista em cromoly com cachimbos top de linha. Se
possível, é melhor usar uma mesa que tenha afinidade com os demais componentes.
A minha escolha seria uma Nitto NJS, mas com ângulo de 70 a 73 graus. Exceto no
caso de uma montagem Dura Ace, que neste caso utilizaria uma mesa NOS do mesmo
grupo.
No caso de quadros europeus, que tenha escolhido um
pedivela ou canote de origem europeia, eu usaria uma mesa da Cinelli, 3TTT (o
modelo Record 84 – é o mais fácil de trocar/colocar o guidão) ou uma ITM NOS (New
Old Stock) comprada no eBay. Ou ainda, caso tenha encomendado o quadro em um
framebuilder, existe a possibilidade solicitar uma mesa cachimbada sob medida
feita em inox.
O tipo de guidão pode gerar controversias. O guidão para essa fixa urbana seria um bullhorn da
Nitto modelo RB-018-HT, que é para mesa de 26mm, que possui uma ótima pegada e
tem varias opções de tamanho. Já usei/testei muitos bullhorns (Charge, Fixation
Rodeo, Kalloy Flip/Chop, 3TTT Flip/Chop – feitos em casa) e o melhor em
tamanho, avanço que se traduz em conforto para mim é o Nitto modelo RB-018.
Alguns gostam dos drops de pista, mas usá-los nas ruas não é muito confortável e é até
perigoso, pois a visão do entorno fica prejudicada. Esse aspecto foi objeto de
um post no blog AQUI.
Caso tenha colocado um selim Brooks, a fita do guidão
seria da mesma cor /material. Por outro lado, no caso de selims mais clássicos
usaria uma fita da Cinelli Cork Ribbon compatível com a cor da bike / selim ou
uma Brooks na mesma cor, se existir.
O freio dianteiro deverá estar alinhado com os demais
componentes, se for a maioria das peças Campagnolo, então utilize um freio dianteiro
Campagnolo Record, no caso do pedivela Sugino 75 usaria um freio Dia Compe, e Shimano Dura Ace com Dura Ace e assim por
diante. No caso de um quadro keirin, é melhor substituir o garfo de pista
original (que não tem furo) por um que tenha, para poder instalar o freio
dianteiro. Ressalte-se que não se fura o garfo de pista original, pois isso
desvaloriza o quadro e muita gente tem um garfo "estepe" que tem furação para freio e guarda o original.
O manete de freio pode ser o modelo Cross Lever da
Paul Components que é bem “clean” e tem um design elegante.
A caixa de direção também deve se harmonizar com os
demais componentes. Neste caso temos Campagnolo Record, Dura Ace e a Hatta Swan
(Japão) de titânio. As caixas de direção Chris King são excelentes, mas o logo
“cheguei” estampado na caixa é duro de aguentar. A Tange faz uma caixa de
direção estilosa e de baixo custo. A Stronglight também produz boas caixas de
direção. No eBay encontram-se boas caixas de direção e tem algumas NOS, por
exemplo: Suntour.
Os pneus vão do gosto de cada um em termos de cores,
mas ressalvando que a grande maioria dos quadros/garfos de fixa com geometria
de pista não tem espaço no garfo para pneus maiores que 700x23. As marcas de
qualidade são aquelas conhecidas por todos: Michelin, Continental, Vittoria,
Schwalbe etc.
Na estimativa de custos dessa fixa top de linha utilizamos
a mesma disposição dos itens como está neste post AQUI,
mas os preços serão em dólares e não
estará incluído o frete e eventuais impostos de importação.
A primeira será um quadro europeu montado com
componentes da Campagnolo.
1)
Rodas:
Aros Mavic Open Pro 700c (2) US$ 160.00
(J)
Raios DT Swiss (D & T) US$ 60.00 (J)
Cubos
Campagnolo Record Pista (par) US$ 370.00 (W )
Fita
de Aro Vittoria (2) US$ 5.00 (C)
Camaras Continental Race 28 Light (2)
US$ 25.00 (C)
Pneus Continental Grand Prix 4 Seasons
(2) 700cX23 US$ 98.00 (C)
Enraiamento
das Rodas (2) US$ 50.00 (NB)
A -
Custo das Rodas US$ 768.00
2) Componentes
Pedivela
Campagnolo Record Pista 165mm US$ 277.00 (C)
Coroa
Campagnolo Pista (144 BCD) 48 dentes US$ - Inclusa
Pedal
Campagnolo Record ou Chorus Aero US$ 200.00 (E)
Correias
p/ Firma-Pé Campagnolo US$ - Inclusa
Mov.
Central Campagnolo Centaur 111mm US$ 53.00 (C)
Corrente
Miche Pista US$ 14.00 (J)
Pinhão
Fixo EAI Deluxe (1/8”) 19 dentes US$32.00 (B)
Mesa
3TTT Record 84 (NOS) US$ 70.00 (E)
Guidão Bullhorn Nitto RB-018 US$ 49.00
(B)
Caixa
de Direção Campagnolo Record US$ 75,00 (A)
Fita
de Guidão Brooks Preta US$ 70.00 (B)
Ferradura
de Freio Campagnolo Record (diant.) US$ 125,00 (E)
Manete
de Freio Paul Components Cross Lever US$ 100.00 (B)
Canote
Campagnolo Record Aero 27.2mm US$ 100.00 (E)
Selim Selle San Marco Concor US$
100.00 (E)
Montagem
dos Componentes US$ 60,00 (N)
B -
Soma dos Custos dos Componentes US$
1,325.00
3) Quadro c/ Garfo + Garfo Adicional
Quadro
Cinelli Super Pista US$ 2,500.00 (R)
Garfo
(cópia) furo de freio Soma Tange US$ 120.00 (E)
C -
Soma dos Custos Quadro + Garfos = US$
2,620.00
Total
(A + B + C) = US$ 4,713.00
Fonte
dos Preços / Legenda:
A
– www.amazon.com
E
– www.ebay.com
N
– Executado NO Brasil.
R –
www.racycles.com
W
– www.wiggle.com
A
segunda montagem é de um quadro feito sob medida. Considerando que os
framebuilders japoneses estão lotados, a escolha será de Koichi Yamaguchi – trabalhou no Japão como framebuilder e foi nos
anos 90 o construtor dos quadros para a equipe de ciclismo Olimpico dos Estados
Unidos. O modelo do quadro será o Messenger,
porém com “lugs” (cachimbos) da Kalavinka – os quais são vendidos para
terceiros, e a diferença é que os vendidos avulsos não vêm estampados Kalavinka.
Esses “lugs” podem ser vistos AQUI.
Os
componentes para montagem serão do grupo Dura Ace de Pista – série 7600 e
alguns componentes dos grupos Dura Ace (7400, 7410 e 7800) para speed. A
escolha do grupo Dura Ace deve-se ao fato que ele oferece a opção do cubo
traseiro fixo duplo, ou seja, você pode colocar 2 pinhões, um de cada lado. Em
geral, dá para ter uma diferença de 3 dentes entre os pinhões, não testei se
funciona com uma diferença de 4 dentes, sem mexer na corrente. E talvez, seja
necessário colocar um meio-elo para deixar bem posicionada a roda na gancheira.
Outro
aspecto é que os cubos Dura Ace modelo HB-7600 tem as vedações para uso nas
ruas, enquanto que o cubo da Campagnolo não tem. Isso é uma característica de
componentes voltados para competições em velódromo. Ressalto que a Campagnolo
cancela a garantia de componentes de pistas se usados nas ruas. Por outro lado,
cubos de fixa top da Phil Wood, White Industries, Victoire Cycles, Paul
Components, Royce possuem a vedação.
A
lista de componentes para montar no quadro Yamaguchi Messenger
está abaixo:
1)
Rodas:
Aros Velocity Razor 700c (2) US$ 120.00
(B)
Raios
DT Swiss (D & T) US$ 60.00 (J)
Cubos
Dura Ace (DB Fixie)– HB-7600 NJS (par) US$ 270.00 (B)
Fita
de Aro Vittoria (2) US$ 5.00 (C)
Camaras Continental Race 28 Light (2)
US$ 25.00 (C)
Pneus Continental Grand Prix 4 Seasons
(2) 700cX23 US$ 98.00 (C)
Enraiamento
das Rodas (2) US$ 50.00 (NB)
A -
Custo das Rodas US$ 628.00
2) Componentes
Pedivela
Dura Ace Track – FC-7600 165mm US$ 230.00 (L)
Coroa
Sugino Zen (144 BCD) 44 dentes 1/8” US$ 110.00 (L)
Pedal
Dura Ace – PD-7400 US$ 200.00 (E)
Correias
p/ Firma-Pé Brooks Preta US$ 54.00 (B)
Mov.
Central Dura Ace – BB-7410 103 mm US$ 100.00 (E)
Corrente DID Racing Pro NJS - 1/8” US$
40.00 (L)
Pinhão
Fixo EAI Deluxe (1/8”) 17 & 20 dentes US$ 64.00 (B)
Mesa
Dura Ace – HS-7400 US$ 150.00 (E)
Guidão
Bullhorn Nitto RB-018 US$ 49.00 (B)
Caixa
de Direção Dura Ace – HP-7410 US$ 120.00 (E)
Fita
de Guidão Brooks Preta US$ 70.00 (B)
Ferradura
de Freio Dura Ace – BR-7800 (diant.) US$ 130.00 (E)
Manete
de Freio Paul Components Cross Lever US$ 100.00 (B)
Canote
Dura Ace Aero SP-7400 27.2mm US$ 100.00 (E)
Selim Selle San Marco Concor US$
100.00 (E)
Montagem
dos Componentes US$ 60,00 (N)
B -
Soma dos Custos dos Componentes US$ 1,677.00
3) Quadro c/ Garfo + Garfo Adicional
Quadro
Yamaguchi Messenger US$ 3,000.00 (Y)
C -
Soma dos Custos Quadro = US$ 3,000.00
Total
(A + B + C) = US$ 5,305.00
Fonte
dos Preços / Legenda:
A
– www.amazon.com
E
– www.ebay.com
N
– Executado NO Brasil.
Ressalte-se que nos custos acima não estão inclusos
nenhum tipo de frete ou impostos de importação. E os custos/preços de peças no eBay
podem apresentar uma grande variação para mais ou para menos, pois algumas
peças são ofertadas em leilão e outras no formato “compre agora”.
Este post foi um exercício divertido de quanto pode
custar uma bike fixa top de linha. O foco na montagem foi qualidade indiscutível,
ou seja, que é reconhecida amplamente pela durabilidade e funcionalidade, e
também pelos aspectos estéticos. Alguns vão discordar, pois deixamos de fora
componentes de carbono, é verdade. Alias componentes de carbono ficam ótimos
com um quadro de carbono, mas nos de cromoly são dispensáveis. É que sou da opinião
que esse tipo de componente é indispensável numa bike de pista para competição,
mas a sua falta numa fixa urbana não prejudica em nada, pois o foco é diferente
– estilo, conforto e durabilidade / baixa manutenção.
Lembre-se que a melhor bike de fixa / pista é aquela que você pedala com
prazer.
By MarchaFixa
P.S.: Como Montar uma Fixa Top de Linha – Estilo Xing Ling
Pistês (ou TABAJARA)
Esse estilo de bike fixa é defendido pelos “intendidus
de coritibúúú”, cujas características são únicas que só um “coritibúúú” é capaz
de perpetrar, vide este exemplo AQUI
que é o modelo.
Recentemente vi uma fixa top de linha montada por um “coritibúúú”,
é uma Colnago Pista em cromoly. Sendo a grande maioria dos componentes
pantografados com o nome Colnago – isso é
coisa fina diga-se de passagem. Componentes pantografados com o nome de
fabricantes de bike top de linha são muito caros no eBay, muitas vezes custam
mais do que o dobro que o mesmo componente sem esse detalhe. Os demais
componentes são do mesmo nível: guidão Deda Velocitá; selim Brooks B17 Copper
Edition; pneus Continental etc.
O pedivela é um Sugino 75 NJS, que é equivalente a um Campagnolo
Record Pista; e ambos usam movimento central no padrão ISO!!! Sendo um pouco perfeccionista
em excesso, dado que a maioria dos demais componentes são italianos, então
seria melhor usar um pedivela de origem italiana ou europeu – Campagnolo Record
Pista, Ofmega Pista, Gipiemme, Mavic, Zeus.
Quanto ao pedal clipless Look, vai de acordo com o que
recomenda o Sheldon Brown – usa-se aquele sistema que você está mais
acostumado.
O disparate é colocar em um quadro desse nível (Colnago
Pista) um aro Xing-Ling (Julian) com cubos do mesmo naipe (Roberto´s), e um aro
dianteiro super básico - Rigida Nova (Obs.: Esse aro Nova equipa a Peugeot MTB Branca
convertida em fixa que é o xodó dos coritibúúús, pois sempre que eles podem a
mencionam no blog deles). Essas rodas ficam ótimas em Peugeots MTBs convertidas
em fixa, Caloi 10 convertida, qualquer bike de speed convertida, Monark 10
convertida, qualquer fixa baseada em bike de supermercado, na LaBici do Sam´s Club
etc. Essas rodas em uma Colnago Pista são um insulto ao bom gosto. Isso é o
mesmo que usar um terno italiano do Giorgio Armani com uma gravata crochet comprada no
camelô!!!
O intendidu de coritibúúú
simplesmente montou essa fixa top de linha seguindo os ditames do Livro Secreto do Estaile Xing Ling Pistês (Tabajara)
de Coritibúúú, o que requer que qualquer fixa de coritibúúú – independentemente do
pedigree – sempre deverá ter algum componente Xing Ling. Descumprir as regras
de “estaile” do Xing Ling Pistês pode acarretar a expulsão do ciclista da
confraria.
Essa fixa ficaria perfeita com aros clincher
(italianos) da Campagnolo, Ambrosio, Fir ou Nisi no estilo “box”, que são
parecidos com aros para tubular, montados em um par de cubos de pista Campagnolo,
Gipiemme, Mavic, Royce; ou seja, qualquer aro/cubo com pedigree similar aos
demais componentes que são excepcionais (pantografados).
o pessoal de "coritibúúú" é tão nervoso e tapado assim?
ResponderExcluirO que voce acha? Os fatos falam por si mesmo. Ats, MF
ExcluirFala Chefia!!!
ResponderExcluirLeio o seu Blog desde que comecei a me interessar pelas fixas.
Tinha encontrado a La Bici, mencionada por vc, a um preço bem interessante, e seguindo seus conselhos, transformei ela numa fixa com guidão bullhorn. Não satisfeito e incentivado pelo seu blog, montei uma Fixa mais Clássica, com pinhão velosolo aparafusado em um cubo dianteiro de disco que ficou uma delícia de andar. Obrigado pelas dicas e mais uma vez, parabéns pelo Blog!
Se quiser, me passa o canal que eu te envio as fotos da La Bici Modificada e da "Clássica" com pinhão aparafusado (Clássica de acordo com o bolso, claro:-).
Obrigado pelas palavras. Quanto às fotos são bem-vindas, essa da LaBici pode ilustrar o post sobre ela - antes E depois das modificações - desde que voce autorize. Faz o upload no Flickr e me envia o link. Obrigado. Ats, MF
Excluiresta dificil encontrar peças de qualidade, teria que corigir os links e por a localização direta das peças correspondente.
ResponderExcluirFrank,
ExcluirLinks da internet são um problema constante. Eles são modificados de tempos em tempos e fica difícil dar conta de todas as modificações. Ats, MF