Bianchi Ocelot MTB Fixa (pinhão Surly Dingle 21x17 e a altura do mov.central é 29cm)

domingo, 31 de março de 2013

Segundo Aniversário do Blog

Hoje fez 2 anos que postamos o primeiro artigo no blog; e esse artigo continua sendo o mais lido do blog:

Como Montar uma Bike Fixa de Baixo Custo.


Atingimos a marca de 175 mil visitas nestes 2 anos. Hoje a media diaria de visitas ao blog está ao redor de 400 visitantes.

Obrigado a todos pela audiência. 

Continuo repetindo o pedido: caso o blog não tenha abordado algum aspecto sobre bike fixas urbanas, favor fazer a sugestão nos comentários.

Muito Obrigado e Boas Pedaladas à Todos.

MarchaFixa
 .


Rodas Tri-Spokes e Similares Para Bike Fixa



Introdução
Em primeiro lugar meus agradecimentos ao Luís Porto por ter permitido eu transcrever esse texto sobre suas experiências com rodas de fixa top de linha para uso urbano.
O mais importante é o que o Luís mencionou nas duas últimas linhas do texto: Mas independente da roda, do preço, do pneu e do “estaile”... meu velho, o mais da hora mesmo é PEDALAR!!!
Detalhe, eu tenho zero de experiência com esse tipo de roda.  Um tempo atrás fiquei curioso com a popularidade das Aerospoke na dianteira. Entretanto o peso assusta um pouco – elas pesam uns 50% à mais do que uma roda montada com cubo Campagnolo Record Pista, aro Mavic Open Pro e raios DT Swiss trefilados (Competition), mas essa roda montada fica mais cara que uma Aerospoke.
Boa Leitura.

Tech Post - Rodas, Rodas...e mais Rodas.

Luis Porto


Bom, antes de mais nada, o que você vai ler aqui - se tiver paciência - são as MINHAS IMPRESSÕES PESSOAIS sobre algumas rodas que já utilizei, espero que ajude alguém a escolher o equipamento certo para seu uso.

Eu estou atualmente na minha 4ª configuração de rodas com a fixa... isso em 2 anos. Não porque eu goste de ficar trocando as rodas, mas porque em minha opinião as rodas definem muito da personalidade da sua pedalada, tanto quanto a escolha do quadro, que também estou testando.



Fixa do Luís Porto


O fato é: as rodas da bike mudam completamente o seu estilo, visual e, além disso, seu conforto x performance x durabilidade. Que em minha opinião são aspectos difíceis de "equalizar".

Direto e Reto, meus jogos de roda (na ordem em que utilizei):

- AEROSPOKE na frente e atrás: foi a configuração que usei por mais tempo juntas. CONTRAS: bike pesada e difícil de embalar (claro, depende da relação, nesse e nos outros casos sempre usei 48x16). Rodas muito rígidas para o uso no dia a dia, se andar em asfalto ruim e com buracos pode doer o bolso, nunca tive problemas. PRÓS: ah... o estilo, porque ... elas são lindas em qualquer cor e ficam bem em qualquer bike. Giram muito bem em velocidades mais altas ( 35km/h ou mais) e você sente a diferença da aerodinâmica mesmo a partir daí... antes, pode esquecer que é só o desfile mesmo. Pra quem curte sprints e pedalar de pé com força (nas subidas, principalmente) pode sentar o pé, a rigidez dela se faz presente e toda a sua força é transferida para impulsionar a bike ... a impressão é que quadro e roda traseira são uma coisa só, é ótimo.

- AEROSPOKE atrás e MAVIC KSYRIUM na frente: pra quem não conhece, a MAVIC é francesa e fabrica rodas de pista top de linha... e claro, caríssimas. Mas essa roda que usei na frente é uma mediana que usei muito na minha road, quis testar na fixa. CONTRAS: é uma roda cara, pelo que oferece pra fixa, não tem uma estética das mais legais. PRÓS: com certeza o hub, gira leve e fácil é uma roda de perfil baixo e por isso é leve...e  além disso, tem a durabilidade. A AEROSPOKE, o mesmo comportamento acima... porém, nessa combinação nas velocidades mais altas a roda com perfil baixo na frente não favorece... mas também não sofre nos ventos laterais.

- AEROSPOKE atrás e SRAM S60 carbono/alumínio na frente: opa, agora sim... peso atrás, rigidez e aero na frente pra acompanhar. Gostei dessa dupla, rodei bastante com ela. A S60 é fabricada pela ZIPP ( as famosas do triatletas que custam milhares de dilmas... rs..rs..rs), mas não tem o mesmo prestígio. Explico. É uma roda clincher (com câmara) mescla de carbono com alumínio (na borda da roda, onde entra em contato com o freio - pra quem usa como eu), o que faz dela uma roda aerodinâmica, porém, um pouco mais pesada. Essa é para mim quase a combinação ideal, o visual é bacana, mas ainda é uma opção difícil, porque  não se encontra somente a roda dianteira pra vender... só o jogo!!! (mais Dilmas ...)

- AEROSPOKE atrás e FULL CARBON 88mm na frente: agora sim, encontrei o equilíbrio que eu procurava, a combinação de uma roda rígida na traseira que gira muito bem, com uma roda AERO, leve e bonita na dianteira. Apesar de ter girado pouco nessa configuração, as diferenças já são gritantes. Primeiro pelo peso - 980g - e o fato de ser full carbon, fica mais bonita, absorve muito bem os impactos na dianteira (mesmo com pneu 700x23) e o melhor, sem comprometer a rigidez, característica da fibra de carbono. Pra quem nunca girou com uma roda de carbono, tem um outro ingrediente "sensorial" que é muito bacana, o barulho da roda girando em contato com o asfalto... algo assim: "VUUUUUUUUFFFF VUUUUUUUFFF VUUUUUFFF"!!! uahuahuaha . É animal, quanto mais rápido você pedala ouve mais o barulho, isso normalmente faz com você queira andar cada vez mais rápido, é normal. Parece besteira, mas o som é animal, nas rodas fechadas de pista parece um trem chegando. Essa roda também é clincher, mas a sensação é de uma tubular, por não ter a "parede" de alumínio na banda de frenagem, a única coisa chata é ter que usar pastilha dianteira para rodas de carbono, não são tão fáceis de achar - ou então não use freio, mas eu uso.

Bom, pra quem conseguiu ler tudo isso aí... parabéns! uhauahuaha Leu um pouco da minha experiência com rodas na minha fixa, não vou parar por aí... tá chegando a traseira full carbon 88mm também. Pra quem acha que rodas e pneus não são tão importantes... o pneu é seu único contato com o solo, as rodas são as peças que impulsionam a sua bike, sustentam e a colocam em movimento, pra mim já são motivos suficientes pra prestar bastante atenção e escolher bem o que você quer. Mas independente da roda, do preço, do pneu e do “estaile”... meu velho, o mais da hora mesmo é PEDALAR!!!

Abraços.

Fonte:  Fixed Gear SP – grupo do Facebook

domingo, 24 de março de 2013

Bike Fixa: Restauração de Cubo de Pista Antigo



Nas minhas andanças pelas bicicletarias de São Paulo, naquelas antigas nos bairros, de vez em quando encontros componentes interessantes.
Entre os achados, algumas caixas de direção com rosca na medida standard (Inglesa/ISO) da Shimano que não mais são fabricadas; e uma caixa da Giorgia (fabricada na Argentina) cópia da Campagnolo Super Record; um  par de “capuzes” (“hoods”) da  “Olimpico”  fabricado em látex no Brasil que servem nos antigos manetes de freio Campagnolo “Super Record”.  Achei largado em uma bicicletaria de bairro, na caixa (NOS), um movimento central Dura Ace modelo BB-7410 que ficou perfeito com o pedivela de pista Dura Ace (NJS), pois tem um eixo de 103 mm. Neste caso o dono da bicicletaria falou que não ia servir – foi honesto, pois estava pensando que eu iria usar com pedivela duplo de estrada, mas este MC faz par com o pedivela duplo Dura Ace FC-7410.

Em outra bicicletaria consegui um par de cubos para speed Campagnolo Record fabricados em 1967 com flange alta que estavam largados e empoeirados, e montados com componentes que não eram Campagnolo (espaçadores, contra-porca e as blocagens) e estava faltando uma “cobertura (anel)” do “oil port”.  Os cubos foram polidos e troquei o eixo por um mais longo 130mm da Campagnolo; o original era com 120mm, isto é para 5 velocidades.  As esferas foram trocadas por esferas de cromo com grade 25 – similares às originais da Campagnolo; as quais foram adquiridas na SóEsferas. E demais peças (blocagens e uma contra-porca) que não eram Campagnolo foram substituídas por originais da época. O resultado está na foto abaixo.

Cubos Campagnolo Record Strada - 1967

Contra-Porca Campagnolo com Estampo - CAM 67

 
A caixa de direção Giorgia (da Argentina) estava com um visual ruim, mas as pistas estavam em ótimo estado, e a pista do garfo estava solta da sua base. Ela foi colada na base usando trava-rosca de alta intensidade e os demais componentes foram polidos e ficaram com uma ótima aparência e está instalada na fixa Bianchi Ocelot que ilustra a página inicial deste blog, e está funcionando muito bem, sem folgas etc . Na foto abaixo, é mostrado também que ela foi montada com um espaçador Campagnolo Super Record.

Caixa de Direção Giorgia (Argentina)

Recentemente ganhei de um amigo ciclista um cubo antigo de pista flip/flop fabricado na Italia em 1954 pela FB – Fratelli Brivio com 36 furos, a qual fabricou os cubos para a Campagnolo até 1958. A partir daí os cubos Campagnolo passaram a ser produzidos internamente.  A data do cubo foi determinada pelo estampo nos cones /contra-porca que são da Campagnolo. O cubo estava com o “lockring” da Campagnolo (rosca 1.32” X 24 TPI). Ressalte-se que o lockring da Campagnolo só serve no cubo deles, obviamente, e nos de pista da Miche e da Phil Wood. E veio junto um pinhão fixo com rosca inglesa (1.37” x 24 TPI) da marca Renak, descobri na internet que foi fabricado na Alemanha.

Cubo flip/flop Fratelli Brivio - Data de Fabricação

Cubo flip/flop  Fratelli Brivio - Antes da Restauração

Cubos Fratelli Brivio  flip/flop - NOS (New Old Stock)


O cubo flip/flop estava com mau aspecto externo (vide fotos), mas é todo de aço – um bloco inteiriço!!! Porém as roscas para pinhão e “lockring”  estavam em excelente estado e os "dust caps" - "guarda-pós de aluminio estavam em excelente estado. Esse é capaz de aguentar qualquer “ogro” dando skids.
Desmontei o cubo e vi que o eixo vasado para blocagem não tinha o estampo da Campagnolo ou da FB. Cubos de pista originais utilizam eixos sólidos com porcas. Entretanto os demais componentes: cones e contra-porcas tinham a data e o estampo da Campagnolo e estavam em ótimo estado assim como as bacias do cubo.

Fratelli Brivio - Estado da Bacia

Antes de prosseguir com a restauração fiz uma pesquisa na internet sobre esse tipo de cubo e descobri uma raridade. Um similar a este, mas em melhor estado, estava sendo vendido por aproximadamente US$ 180 com frete no eBay (Suiça), mas ainda sem imposto de importação (60%), conforme este link AQUI.

Um aspecto que atrapalha muito a restauração de cubos antigos é que muitas vêzes estão faltando os "dust caps" - guarda-pós. Observando o cubo da Fratelli Brivio vi que é possivel fazer "dust caps" a partir de uma chapa de aluminio de 2mm. A  qual é torneada para encaixar sobre pressão como tampa das bacias. Alguns vão dizer que os "dust caps" tem formato abaulado, e isso é verdade, mas os feitos como uma chapa vão funcionar tão bem quanto aos abaulados - a função deles é não permitir a entrada de detritos das ruas que poderão danificar as esferas e a bacia.

 
"Dust Cap" Envolvendo o Cone do Cubo






"Dust CAP" - Guarda-Pó Campagnolo



Mandei fazer a re-cromeação da carcaça do cubo e ficou muito bom, exceto que houve uma pequena contaminação das roscas, e rosquear o pinhão e a roda-livre ficou mais difícil. Existe uma solução que é usar pinhões da Miche com “carrier” – depois do “carrier” instalado/rosqueado no cubo você nunca mais precisa tirá-lo, pois nesse sistema o pinhão fixo é encaixado no “carrier”. O ”carrier” tem rosca inglesa (1.37” X 24 TPI) que é a mesma dos cubos Dura Ace, Formula, Miche, Campagnolo etc. O resultado da restauração está na foto abaixo.

Cubo Flip/flop Fratelli Brivio Restaurado

Coloquei um eixo sólido da Campagnolo que tem rosca 10 mm X 26 TPI com as respectivas porcas. Para fins informativos, um eixo sólido de cubo de pista Dura Ace tem uma rosca de 10 mm x 1 FRPM (fio de rosca por milímetro). Para fazer par com este Fratelli Brivio, consegui um cubo de estrada dianteiro antigo da Campagnolo que será trocado o eixo (rosca 9 mm X 26 TPI) por um sólido original com as respectivas porcas. 
Agora tenho um bom problema que é arranjar um quadro italiano para ficar coerente com o nível do cubo, assim como os aros. Esse cubo ficará bom com um aro similar aos tubulares de antanho, tipo “box” e polido. Uma alternativa é um Mavic MA3, Ambrosio,  Nisi ou FIR – que não são mais fabricados, mas pode-se encontrar no eBay. As alternativas facilmente disponíveis são um Velocity Razor, Mavic Open Pro ou o Open Sport; ou ainda um H+Son TB14, que ainda estão em fabricação e são de boa qualidade.

Aro H+Son TB14

 

Perfil do Aro H+Son TB14


O peso do cubo de pista FB traseiro que tem flange baixa é de 422 gramas, que inclui o “lockrinbg” e as duas porcas.  Alguns vão achar que isso é extremamente pesado, obviamente não é para competição, mas é ótimo para andar nas ruas e dar skids, pois é super-robusto.  Entretanto é possível fazer a comparação de pêso com outro componente de bike fixa que era fabricado na época deste cubo FB e continua sendo até hoje e que não prima pela leveza e sim pelo conforto: Selim Brooks B17.

 

Cubo FB - Pêso

Esse modelo de selim da Brooks pesa cerca de 530 gramas segundo informação obtida neste link AQUI . Por outro lado, o peso de selins mais modernos e clássicos (que também são populares entre os fixeiros) tais como: Selle San Marco Concor (298 gramas); Regal (369 gramas), Rolls (382 gramas). Ou seja, a diferença de peso é de 230 gramas entre o Concor e o B17 e nos outros é menor.
Um cubo de pista moderno com flange baixa tipo Campagnolo Record Pista pesa 284 gramas incluindo o lockring e as porcas; e um Dura Ace Track HB-7710 (flange baixa) tem um peso de 313 gramas incluindo o lockring /porcas. Ou seja, a diferença de peso com relação ao cubo de aço FB é respectivamente de 138 gramas e 109 gramas.
Conclusão: O adicional de peso de um cubo de fixa FB de aço é menor que aquele trazido pelo uso de um selim Brooks B-17.

Na restauração muitas vezes é necessário canibalizar uma outra peça similar que tenha problemas graves, mas que tem partes em ótimo estado.  Vide as fotos a seguir.

 

Cubo Campagnolo Record c/ Carcaça Danificada





Cubo Campagnolo Record SEM "Dust Caps"


Cubo Campagnolo Record sem Pista de Esferas


Partes Re-Aproveitáveis: 2 Pistas, 2 Dust Caps e Anel do "oil port"


Na primeira foto é mostrado o estado do cubo, na segunda  apresentamos uma ferramenta improvisada (2 parafusos sextavados que unidos engancham nas bordas) para retirar os "dust caps" do cubo sem danifica-los. Na terceira foto é mostrado o que foi utilizado para extrair do cubo a pista de esferas: maçarico culinário; ferramenta improvisada para empurrar para fora as pistas do cubo; um eixo dianteiro que pressiona a ferramenta improvisada de extração e não estão nas fotos o martelo e um alicate de pressão para segurar o cubo. A carcaça do cubo é aquecida  com o maçarico e ela dilatando-se facilita empurrar para fora a pista do cubo - a qual foi instalada sob pressão. Na última foto estão os componentes que podem ser re-aproveitados, tudo menos a carcaça que tem 28 furos - difícil de achar aros e a estética  externa do cubo está bem prejudicada  (vide 2a. foto acima).

Cubos traseiros são mais fáceis de restaurar, pois existe quase que um “padrão” em termos de diâmetro de esferas – usam ¼” de polegada. Entretanto, existe um outro potencial problema que é o diâmetro interno do “dust cup” que é onde entra o cone. Se for muito largo, fica uma fresta por onde entram detritos que atacam a bacia, o cone e as esferas. Diferença no diâmetro dos “dust cup” ocorrem inclusive entre o mesmo modelo de um mesmo fabricante. Vi isso ocorrer com dois cubos traseiros C-Record da Campagnolo, eles tinham “dust cups” com diâmetro interno diferente e consequentemente o diâmetro externo dos cones eram diferentes !!! Por isso, é sempre melhor utilizar a peça original.
Lembre-se do seguinte: restauração só vale a pena se for de peças de alta qualidade ou estilosas; ou em casos especiais: você herdou/ganhou uma bike legal antiga de seu avô ou parente e por razões subjetivas você quer deixa-la como ela era no passado, independentemente do custo e tempo envolvido.

Bom Garimpo e Boas Pedaladas a Todos

by MarchaFixa